Alcaraz chega à Roland Garros e diz que talento sem trabalho é inútil

Atual campeã em Roland Garros, o espanhol Carlos Alcaraz já está em Paris para o início da defesa do seu título, que começa na próxima segunda (26/05) e concedeu uma entrevista ao site do torneio em que exalta o trabalho diário.

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Carlos começa falando que demorou um pouco a peceber que venceu Roland Garros e Wimbledon, bem como o tamanho destas conquistas e comemorou estar de volta à capital francesa.

"Quando criança, lembro-me de correr da escola para casa para ligar a televisão e tudo o que eu queria fazer era passar a tarde assistindo aos jogos. Quando eu tinha 11 anos, joguei um torneio em Roland Garros pela primeira vez. Depois, podíamos ir assistir aos jogos e, se não me engano, o primeiro jogador que vi foi Richard Gasquet. Lembro-me de dizer a mim mesmo: 'Um dia estarei aqui. Um dia jogarei aqui em Roland Garros'", disse ele recordando que falhou em sua primeira tentativa jogando o qualificatório do Slam no profissional em 2020 e já na segunda oportunidade chegou à chave principal.

"Foi incrível, um sonho que se tornou realidade. Eu sempre quis ganhar Roland-Garros", destaca.

Muito jovem e dono de quatro Grand Slams, Alcaraz tem apenas 22 anos, o espanhol foi questionado sobre quais qualidades o levaram a já ter tamanha carreira e dividiu o mérito com aqueles à sua volta: "Eu trabalhei muito, muito duro para chegar aqui. É preciso talento, claro, mas sem trabalho é inútil. Durante anos trabalhei, sacrifiquei muitas coisas quando era mais jovem para atingir meu objetivo, realizar meus sonhos, me tornar um jogador profissional. Acho que o segredo é investir todo o tempo e energia necessários em quadra e crescer com as melhores pessoas possíveis ao seu redor. Também ajuda muito estar cercado de pessoas boas e acho que é isso que consegui fazer: estou com pessoas ótimas, profissionais, que me ajudam a me tornar um jogador melhor, uma pessoa melhor. Meus pais também desempenharam um papel fundamental, é claro".

Alcaraz também foi questionado sobre um de seus ídolos, Rafael Nadal, com quem jogou duplas no complexo de Roland Garros na disputa dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e além de muita admiração, destacou os aprendizados: "Seu jeito de jogar, seu jeito de estar em quadra, sua mentalidade, seu amor pelo jogo. Rafa é uma pessoa excepcional, muito humilde. Quando você o conhece pela primeira vez, ele é apenas alguém como você e eu. Foi realmente incrível estar tão perto do meu ídolo, aprender com ele e também estar perto dele como pessoa".

Ao ser interpelado sobre o que aprendeu com Nadal, Carlos Alcaraz destacou: "Sua abordagem para uma partida, a paixão com que ele joga cada encontro e como ele se prepara para cada um deles. Jogando duplas com ele, também aprendi como ele lidava com certas situações e pressões. Esses são elementos que serão muito úteis para mim ao longo da minha carreira. Ele foi um dos melhores embaixadores do tênis e acho que seu legado será eterno. Ele foi provavelmente um dos jogadores que colocou o tênis no topo do esporte, no topo do mundo. Então é ótimo ter tido o Rafa no tênis neste momento da minha vida".

O tenista ainda foi questionado sobre seu treinador, Juan Carlos Ferrero, que venceu em Roland Garros 2003 quando Carlos tinha apenas algumas semanas de vida e ele destacou que viu alguns jogos e ouviu muito sobre o perfil do treinador de outros jogadores: "Pelo que ouvi de outros jogadores, ele era muito forte e sólido atrás de base. Muito forte no retorno também, mas acho que sua melhor arma era sua forma de se movimentar: ele se movimentava muito bem, e às vezes sonho em ter o mesmo jogo que ele. Acho que ele era um jogador mais completo do que eu sou hoje".