Por Leonardo Mamede - O tênis feminino chega a Roland Garros de forma muito estranha. Durante toda a preparação no saibro, torneios ficaram prematuramente esvaziados de suas principais favoritas aos títulos, tornando dura a tarefa de elaborar prognósticos.
A única tenista que obteve 100% de aproveitamento no saibro foi a mesma que é franca favorita em todos os majors: Serena Williams. É importante notar, porém, que o único certame disputado por ela na terra batida foi o Premier de Roma, na última semana. De forma geral, mesmo com as derrotas sofridas no ano e a sensação, por parte de suas adversárias, de que vencê-la não é algo quase impossível, a americana ainda é a jogadora mais regular do circuito feminino, em meio à montanha-russa verificada neste. Tem grandes chances de conquistar o tetra.
Passada a primeira posição, temos literalmente uma bagunça, a começar por Victoria Azarenka e Maria Sharapova. A russa, envolvida na novela de seu doping, está fora. Azarenka, que provou estar de volta à melhor forma ao vencer Brisbane, Indian Wells e Miami, surgiria como grande adversária de Serena, a quem derrotou na Califórnia, mas desistiu da terceira rodada em Madri, alegando dores nas costas, e voltou em Roma, sendo facilmente derrotada pela comum Irina-Camelia Begu. O desempenho da bielorrussa na cidade luz é como sua forma física: um enorme ponto de interrogação.
A alemã Angelique Kerber, campeã do Australian Open, desponta como a segunda mais cotada ao caneco mais pela ineficiência das oponentes do que por seus próprios feitos. Ela atingiu as semifinais em Charleston, no har-tru (saibro verde), e foi bicampeã no importante torneio de Stuttgart, em casa, mas caiu na estreia em Madri e Roma, preparatórios mais recentes e notáveis, para Strycova e Bouchard, duas adversárias para quem Kerber não deveria perder nem em seu pior pesadelo.
Radwanska, Muguruza, Kvitova e Vinci não podem ser descartadas, mas não fizeram algo além de uma esporádica semifinal, no máximo, enquanto perderam jogos inaceitáveis. Correm por fora.
Simona Halep é outra incógnita. Com vários problemas físicos, não fez frente à Kerber na Fed Cup e perdeu na primeira rodada em Stuttgart. No importantíssimo Premier de Madri, onde foi a única cabeça de chave a atingir as quartas de final, foi campeã, mas não confirmou a boa forma em Roma: nova derrota na estreia. Não está fora, mas é improvável que apronte aquilo que, para seu momento atual, seria uma surpresa.
A atual vice-campeã, Lucie Safarova, junta-se à Sloane Stephens e Timea Backsinszky como campeãs de um torneio – Praga, Charleston e Rabat, respectivamente – que apresentaram pouco, além de seu título. Têm poucas chances. A veterana Samantha Stosur chegou à final em Praga e semi na capital espanhola. Com boas campanhas no currículo, a finalista de 2010 deve ser respeitada e entra no mesmo grupo.
No último pelotão, entram Carla Suárez Navarro, Ana Ivanovic e Svetlana Kuznetsova, tenista que têm reconhecido valor, mas, se traçaram planos ambiciosos, esqueceram de mostrá-los nos eventos preparatórios.
Sozinha, e somente por ser um palpite de eventual surpresa por parte deste que vos escreve, está Karolina Pliskova, da República Tcheca.
TELIANA
Novamente, a pernambucana será a única brasileira na chave principal. Ela não atravessa uma boa fase e só ganhou, em 2016, de Bia Maia e Anikka Beck. Com a sorte de um eventual sorteio amigável, seu objetivo é alcançar a segunda rodada e repetir seu melhor resultado em um major, alcançado nos dois últimos anos, na própria cidade luz.
DUPLAS
Apostar contra Martina Hingis/Sania Mirza não configura mais uma insanidade: assim como Serena Williams e Novak Djokovic, elas voltaram a ser humanas e, agora, perdem jogos de tênis. Entretanto, ainda são as absolutas favoritas ao bicampeonato. As francesas Caroline Garcia/Kristina Mladenovic, que as derrotaram em Stuttgart e Madri, são suas principais concorrentes.