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Um Fenômeno Ameaça e Genialidade

Segunda, 06 de junho 2005 às 22:58:30 AMT

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Nadal Campeão II - RG


Por Artur Salles Lisboa de Oliveira

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Em algumas conversas com amigos que acompanham o circuito de tenis com extrema fidelidade cheguei a um ponto de discussão interessante, apesar de me parecer um pouco precoce: eles afirmam ser Nadal um gênio em lapidação por todo seu histórico de títulos na temporada de 2005 (o espanhol já acumula seis conquistas), e por tudo que ele fez antes mesmo de levantar seus primeiros troféus. Eu, em contrapartida, reluto em dizer o mesmo devido a uma diferenciação natural que faço entre o espanhol Rafael Nadal e o suíço, atual número um do mundo, Roger Federer: Nadal tem uma rapidez, uma esquerda e direita top spin, e drop shots incríveis.


Entretanto, se analisarmos fundamento por fundamento constataremos uma diferença descomunal entre os dois tenistas, claro que com a ressalva da diferença de idade entre os dois, que com o aniversário de 19 anos do espanhol agora se encontra em 4 anos.

Federer tem um serviço, tanto o primeiro e o segundo, muito superior a Nadal. Sua direita "chapada", então, é muito mais eficiente que a forehand cheia de top spin do espanhol. As esquerdas até que se igualam, em minha opinião, e os voleios do número um do mundo são muito melhores. Falei do básico; agora abordemos a genialidade. Nadal jamais terá um slice daquele, e jamais se arriscará a devolver saques a 180 km/hora cortando a bola. Sem contar na questão da postura: Federer está sempre buscando entrar em quadra, enquanto Nadal se sente bem atrás da linha de base, devolvendo as bolas e esperando a paciência do seu adversário se esvair.

Portanto, fundamento por fundamento, há uma diferença muito grande entre estes dois tenistas, o que me faz relutar em chamá-lo de gênio. Entretanto, não posso deixar de mencionar a competência e, sobretudo, a maturidade do atual campeão de Roland Garros, em lidar com a pressão de torcedores franceses que durante 10 minutos interromperam sua partida contra Sebastien Grosjean. Enfim, é incrível vê-lo correndo e deslizando de um lado para o outro, chegando em todas as bolas, e passando o "problema" sempre para os seus adversários, que costumam não acreditar na mágica correria do espanhol. Portanto, seria um absurdo tirar os méritos de Rafael Nadal, que agora começa a ameçar a Era Federer.

Federer, apesar de derrotado, somou pontos por ter superado seu resultado de 2004, quando parou diante de Gustavo Kuerten. Muitos pontos ainda o separam de Rafael Nadal no Ranking de Entradas. E, principalmente: a temporada agora entra na fase de quadras rápidas, com os torneios preparatórios para Wimbledon e, em seguida, os pisos rápidos das competições americanas. Se Nadal conseguir vencer Federer nesses torneios, aí sim se tornará uma ameça a curto prazo para o número um do mundo.

Muitos atribuem o sucesso do espanhol a sua afinidade com a terra batida, mas Nadal já mostrou que é adversário em qualquer piso. Só não saberia afirmar se sua boa desenvoltura em quadras rápidas é suficiente para desbancar Federer e outros bons tenistas, como Marat Safin, que apesar de instável quando "deslancha" faz estrago; o Andy Rodick, que saca muito bem e com um piso favorável é um adversário difícil de ser batido; e o próprio Lleyton Hewit, que apesar do trauma de certos pneus que ele ganhou na temporada 2004, tem uma garra impressionante. Portanto, a briga agora será acirrada, e a sutil vantagem que os ditos especialistas em quadras rápidas levam frente aos "saibreiros" não muda o cenário de incertezas que se desenha. Quem levará a melhor: o gênio, o fenômeno ou a plebe? Se é que posso chamar ex. números um como Lleyton Hewit, Carlos Moya, Andy Rodick, e tantos outros de plebeus?
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