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Bia Haddad, Thiago Wild, Luisa Stefani e a esquadra brasileira do céu a Terra

Domingo, 10-03-2024 10:34

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Tênis Profissional

Por Carlos Omaki - O público brasileiro tem se mostrado muito fiel aos nossos tenistas. Porém o nosso sangue latino nos faz torcer com enorme fervor e consequentemente cobrar resultados com a mesma intensidade.



Pensar que Beatriz Haddad Maia está em uma má fase, que seus contratos de patrocínio e compromissos profissionais extra quadra a estão atrapalhando, é muito precoce e neste momento não tem nenhuma razão de ser.

Quando trabalhamos um jogador de alto nível precisamos entender que muito dos resultados são decorrentes das chaves dos torneios.
E sabem como se faz uma chave ? Exatamente, com um sorteio.
Palavra derivada de sorte e que indica também o seu antônimo.

Pensar que Beatriz Maia perdeu três primeiras rodadas para as três atletas e que duas delas viriam a ser as campeãs dos torneios.
Ou seja, na semana em que enfrentar as campeãs não foi um bom negócio, Bia foi a que as enfrentou mais precocemente.

Sua última vitória já volta a encher o peito dos brasileiros de orgulho e confiança em sua nova heroína do tênis.
Por sua vez, Thiago Wild venceu um atleta que vem sendo apontado como um dos grandes potenciais a se firmar em meio as estrelas no tênis mundial, Karen Khachanov é realmente um dos melhores em quadras de asfalto.

Uma surpresa para muitos, mas antes do jogo conversando com amigos eu terminei por dizer: "o Thiago saca muito bem e tem uma direita que machuca qualquer um, em um dia bom e principalmente que ele esteja tranquilo e sem deixar se levar pela emoção, pode ganhar de qualquer um."

Quem teve a grata surpresa de assistir o jogo, presenciou um jogo de alto nível e uma atuação irretocável do brasileiro.

E o que falar da Luisa ? Parece que ela vem se consolidando como a “parceira camaleão”. Se adapta com todas as jogadoras que se une e produz sempre excelentes resultados. Uma menina de temperamento fácil e um sorriso quase tatuado no rosto. Um jeito leve de ser e muito profissional.

O Brasil tem essa carência do “acreditar” quando vemos um tenista jovem como o João Fonseca tendo os resultados que vem tendo, vencendo sets de 6/0 sobre tenistas top 40, todos nós passamos a acreditar que temos grandes jogadores.
Essa crença gera uma atmosfera de energia positiva para os nossos atletas e o acreditar se transforma em resultados.

Para os mais velhos, podemos lembrar que quando Guga ganhou Roland Garros pela primeira vez, dois anos depois Fernando Meligeni foi eliminado apenas na semifinal do Grand Slam francês em uma partida fatídica com toda chance de ganhar.
Fernando, que beirava a aposentadoria, se renovou, mudou o backhand e teve o melhor resultado de sua carreira.

Mas sim, essa atmosfera se transforma do dia para a noite. Os comentários viralizam muito rapidamente e muitas vezes pequenos comentários se transformam em realidades. Muitas vezes duras, mas que muitas vezes não são verdadeiras.

Que as derrotas podem pesar para Bia, claro que sim. Mas principalmente pela repercussão delas perante o mundo e o Brasil.
Nós nos acostumamos a ver uma Bia que não se intimida perante ninguém, que venceu as tenistas mais bem ranqueadas que qualquer outra brasileira e é sinônimo de raça , garra e espírito de luta dentro de todo o circuito.

O que acontece porém é que hoje Bia e todos os outros já são conhecidos e muito analisados pelos adversários, nenhum dos nossos tenistas de ponta são ilustres desconhecidos. Monteiro, Orlando Luz, Rafael Matos (duplas) e Laura Pigossi, são respeitados e encarados com muita seriedade pelos adversários, seus treinadores e pelos analistas de suas equipes.

Por certo, a força do crer no Brasil faz mais diferença do que em outros lugares do mundo.
Mas o mais certo é que nosso tênis nunca esteve tão possibilitado e com tantas opções de crer.
Temos resultados absolutamente expressivos a nível mundial no juvenil , nas simples e duplas profissionais e tudo isso no masculino e feminino, sem contar é claro as duplas mistas onde somos os últimos campeões (Austrálian Open) com uma dupla totalmente nacional formada por Matos e Stefani.

Não há mais como esconder o sucesso do nosso tênis.
Se vamos ganhar tudo, todos os dias e não ter momentos difíceis ? 
Certamente que não, mas o mundo está de olho no tênis do Brasil.
Olhos atentos e sempre admirados pela beleza e alegria que nossos representantes espalham pelo mundo.
Bom domingo e vamos torcer.

Sobre Carlos Omaki

Carlos Omaki é treinador de tênis há 40 anos. Uma das referências do tênis nacional, dono de duas premiações como Melhor Técnico das categorias de base do Tênis brasileiro, é proprietário da COT (Carlos Omaki Treinamento) tendo equipes na Academia Paulistana de Tênis, Club Athletico Paulistano e Tênis Club Paulista e com seu staff de treinadores cuida de cerca de 800 atletas na cidade de São Paulo.

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