Como não poderia deixar de ser, a entrevista coletiva da americana Taylor Townsend foi tomada por perguntas sobre a discussão que ela chegou a ter com a letã Jelena Ostapenko ao fim da partida que ela venceu em 7/5 6/1 para se garantir pela terceira vez na carreira na 3ª rodada de simples do US Open.
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A primeira pergunta foi sobre o que havia acontecido entre elas e se já havia uma animosidade anterior, já que as duas se enfrentaram algumas vezes no circuito, principalmente nas duplas e Townsend deu sua versão:
“Como você disse, já jogamos muitas vezes antes. Joguei com ela em Toronto no ano passado, em simples. Provavelmente já jogamos antes disso, sabe, mais recentemente nas semifinais de Wimbledon, em duplas. E não, nunca houve nenhum histórico”, iniciou ele e ressaltou: “Quer dizer, não sei o que ela pensa de mim, mas não há, sabe, nenhuma rixa da minha parte”.
“Ela me disse que eu não tenho educação, nem classe, e para ver o que acontece se jogarmos uma contra a outra fora dos Estados Unidos , e eu disse: ‘Estou animada. Vamos lá!’ Eu nunca fui de recuar diante de algo assim”, pontuou Townsend que em diversos momentos da coletiva afirmou que prefere que as pessoas lhe falem coisas ‘na cara’ e que assim possam resolvê-las, bem como ‘não abaixa a cabeça’ para quem quer intimidá-la.
“Eu simplesmente achei muito interessante”, seguiu ela destacando: “Ela estava jogando incrivelmente bem no primeiro set, não errava nada, e eu estava com a cabeça baixa e a cabeça enfiada nas cordas e tentei continuar a pressionar. E era isso que eu dizia a mim mesma: ‘Continue lutando, espero que você consiga uma pausa e tenha a oportunidade de tentar implementar parte da sua estratégia’. Mas ela estava meio que tirando a raquete das minhas mãos. Estava dando golpes incríveis, saque mais um nas minhas devoluções, jogando um tênis realmente ótimo. E às vezes isso acontece”, disse a americana que virou a primeira etapa e viu a rival se irritar.
“Vocês viram, eu não recuei porque você não vai me insultar, especialmente depois que eu me comportei da maneira certa com nada além de respeito. E se eu mostro respeito a você, espero respeito também. Isso aqui é tênis e no fim das contas sou eu contra você”, pontua a americana. “Temos que respeitar uns aos outros e respeitar o que acontece em quadra. É competição. Então foi uma pena, mas é algo que eu poderia postar no meu TikTok”, completou ela rindo e arrancando risos dos jornalistas.
Um dos jornalistas trouxe à Townsend que a letã afirmou que sua reclamação com ela era a respeito do que classificaria como uma conduta ‘antidesportiva’ por não ter se desculpado por alguns lances, como bola na fita da rede. A americana reagiu com um ‘Nossa’ e não acha que a rival tem de ser desclassificada do torneio sendo impedida de competir nas duplas.
“Sinto que as pessoas ficaram um pouco moles. Não vou mentir. É esporte. As pessoas falam besteira, dizem coisas, sei lá o quê, ficam bravas… Todo mundo tem o direito de sentir o que sente. O problema é impor suas expectativas a mim. Se você espera que alguém se desculpe, e a pessoa não pede, e você fica chateado com isso, a culpa é sua, não minha”, declarou.
Questionada se estava surpresa com o que aconteceu, Townsend recordou que não é a primeira vez que Ostapenko discute com uma rival e a cena também não é inédita nem mesmo nesta edição do US Open: “Como eu disse, isso aconteceu muitas vezes com outros jogadores também. Ela pode não ser assim, ela pode não expressar isso da mesma forma, mas as reclamações e todas essas coisas são as mesmas”.
Taylor Townsend conversou com os jornalistas longamente, falou que buscou não entrar na provocação de Ostapenko, porque ela não havia desrespeitado a rival e porque ela sabe que o filho “vai ver como eu me portei nesta situação e sentir orgulho”.
O fato de a Letã ter dito que Townsend, uma mulher negra americana, “não tinha educação” foi encarado como racismo por parte do público norte-americano, já que as expressões ‘sem educação’ e ‘sem classe’ são muitas vezes utilizadas naquela sociedade como racismo direto. Questionada se viu racismo nas declarações da europeia, Townsend tentou ser cuidadosa:
“Não. Não posso falar sobre quais eram as intenções dela. Só posso falar sobre como lidei com a situação, e como lidei com ela como alguém que está chateado com o resultado que ocorreu. Você se perdeu e está chateado com isso. Dizer que você não tem educação, não tem classe. Eu realmente não levo isso para o lado pessoal, porque sei que está muito longe da verdade e muito longe de qualquer coisa”, iniciou.
“E, novamente, se eu permitir que o que outras pessoas têm a dizer sobre mim me afete dessa forma, então elas ganham. Então, no final das contas, não, eu me defendi e mantive em mente naquele momento como eu queria me retratar e como eu queria aparecer. E se meu filho visse essa interação, como ele veria? E acho que ele ficaria orgulhoso da maneira como eu lidei com a situação”, seguiu.
“Independentemente de ter conotações raciais ou não, era algo sobre o qual apenas ela poderia falar”, ressaltou Townsend afirmando que é uma mulher negra orgulhosa de quem é, consciente de todas as questões e que encara o mundo de frente.
