Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, a japonesa Naomi Osaka fez críticas às políticas da Associação das Tenistas Profissionais (WTA) a respeito das tenistas que são mães.
Osaka começou comentando o fundo de apoio financeiro por até 12 meses às tenistas que estiverem em licença-maternidade, que foi anunciado em março deste ano, patrocinado pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, o que gerou muitas críticas à WTA.
A japonesa vê com bons olhos o projeto, mas mostrou-se reticente sobre a forma como a associação lida com as mães: “Em alguns casos, acho que a WTA não deu às mães o benefício da dúvida na hora de priorizar seu bem-estar e entender os desafios reais do retorno pós-gravidez”, inicia ela.
“Acho que realmente precisa de um envolvimento cuidadoso e provavelmente de um grupo de reflexão envolvendo as próprias mães. Talvez a WTA esteja se promovendo publicamente como uma coisa, mas suas ações privadas não correspondem exatamente a isso”, completa ela que é mãe da pequena Shai, de 2 anos.
A ex-número 1 do mundo e dona de quatro títulos do Grand Slam, feitos alcançados antes do nascimento de Shai, afirmou ter recebido “gentileza” da WTA ao receber convites para participação de torneios em seu retorno da licença-maternidade, mas que nem sempre foi fácil e que o processo envolveu um grande desafio logístico.
“Eu diria apenas que havia alguns torneios que eu estava tentando jogar antes de grandes eventos e eles simplesmente não me ajudaram muito a entrar nesses torneios”, contou.
“Acho que a estrutura do torneio era algo que eu realmente não tinha considerado… No ano passado, eu não sabia o quão difícil era voltar de uma gravidez. Agora, acho que [posso] planejar melhor certas situações”, completou.
Apesar das críticas da falta de preparo da própria WTA no recebimento e acolhimento das profissionais que são mães, Osaka vê boas intenções e mérito do que já tem sido feito, tal como os salários em licença-materinadade anunciados em março ou mesmo a regra ‘Serena Williams‘, que desde 2019 acresceu ao regulamento do circuito profissional regras especiais para uso de ranking protegido com prazo de até 3 anos para o retorno do período de licença.
“Gosto de homenagear as mães e homenagear a minha filha. Entretanto, parece que [as mães bem-sucedidas] sempre recebem o rótulo de mãe, enquanto nenhum pai homem recebe o mesmo tratamento — seja LeBron (James), (Roger) Federer, (Rafael) Nadal, Andy Murray e assim por diante… Às vezes, acho que o foco deveria estar em outro lugar”, disparou.