Fernando Meligeni, ex-top 25 da ATP, fez uma análise da derrota de João Fonseca em Toronto, e também sobre o atual momento do brasileiro.
Número 49 do mundo, Fonseca foi superado pelo australiano Tristan Schoolkate, 103º colocado, na primeira rodada do Masters 1000 de Toronto, nesta segunda-feira, com as parciais de 7/6 (5) 6/4. O brasileiro se mostrou apático em relação ao seu nível normal de atuação, e o australiano aproveitou, tendo uma boa performance e merecendo a vitória, com destaque para o seu saque.
Através do canal oficial do New Balls Please no YouTube, Meligeni fez ponderações a respeito da partida e também sobre as críticas em relação ao calendário do carioca de 18 anos.
“Jogo realmente abaixo do João. Não devolveu bem o saque, contra um cara que mostra o nível do circuito para aqueles que acham que o circuito é simples, fácil, e que jogar bem faz com que você vença todos os jogos. Foi um jogo de um cara que saca muito bem, mas que sacou bem porque o João esteve um pouco estático demais, sem mudar posições, sem mudar maneiras e tentar mexer com a cabeça do adversário. Não teve nenhum break-point. Os dois jogadores meteram muito a mão na bola, um jogo um pouco abaixo (de Fonseca)”, iniciou ‘Fino’.
Defende o Calendário
Fernando não concorda com as duras criticas dos torcedores com o calendário de Fonseca, que nos últimos meses tem jogado menos torneios, aumentando os períodos de “descanso” entre as competições. A última vez que ele havia jogado uma partida oficial antes de Toronto, foi há 24 dias.
Algo que deu para perceber que há muitas críticas com ele, é a respeito do calendário. Acho que é muito crítico você falar se está certo ou errado, se deveria ter jogado Washington (ATP 500 na semana anterior). O jogador conversa muito com o seu time, debate sobre pausas, treinos, compromissos, sobre os momentos que você pode estar esgotado. Sem passar a mão na cabeça, mas não acho que o calendário está sendo mal feito. Está jogando grandes campeonatos, hoje perdeu para um cara que teoricamente poderia ganhar, mas vejo como mais uma experiência.”
Preocupado com a apatia
O semifinalista de Roland Garros em 1999 identificou uma apatia em Fonseca na partida desta segunda-feira, diferente das atuações predominantes do jovem, com mais intensidade.
Se me perguntarem, ‘o que te preocupa?’ Achei ele muito apático. Não vi ele vibrante, nem daquele jeito um pouco mais solto, o “jeito João”. Temos que entender também que o circuito faz isso com o jogador. Estou achando um pouco cedo para que ele já esteja sentindo essa ‘vibe pesada’. Uma pena a derrota, mas não vejo nenhum (outro) tipo de preocupação.
Alerta aos torcedores
Meligeni reforçou que o processo não é tão rápido como muitos imaginam. Os torcedores, muitas vezes, não consideram as dificuldades, variações e desafios do circuito, colocando uma expectativa muito imediata sobre Fonseca; e que tal “decepção” (por parte de alguns torcedores) não justifica comentários ofensivos.
“Quando eu falo pra vocês: ‘calma, vocês estão querendo demais’. Calma, perder faz parte. É normal, ele vai perder muito. Se estão achando que ele com 18 anos já vai estar no nível de Alcaraz, Sinner e Djokovic, estão enganados. Esse processo vai demorar mais do que vocês estão imaginando. Tomara que venham os resultados absurdos em Cincinnati e no US Open, e que a gente se surpreenda, mas o normal é que vai demorar. Mas se você acha que porque você tinha uma expectativa diferente, chingar, aí é com você, mas acho que você está errado.”