O russo Daniil Medvedev, ex-número 1 do mundo e atual 18º, venceu o britânico Cameron Norrie, 34º, e após conceder uma longa entrevista coletiva na qual falou bastante a respeito de sua má fase e o recomeço com uma nova equipe em busca de desafiar os melhores.
“Gostei da minha atuação hoje. Cameron é um ótimo tenista, esteve entre os 10 melhores, e estou satisfeito com o meu nível. Joguei uma boa partida, sacando muito bem”, iniciou o russo.
“Houve momentos em que poderia ter sido melhor, mas estou satisfeito com o meu nível geral. Dito isso, ainda me sinto longe de ter recuperado meu tênis. É um processo que exige um passo de cada vez. Às vezes, você pode dar um grande salto; nunca se sabe, mas, por enquanto, estou vivendo um dia de cada vez. Hoje, por exemplo, acho que joguei melhor do que nas minhas partidas em Hangzhou. É isso que me deixa feliz, então estou ansioso para fazer um pouco melhor na próxima partida”, completou ele que está em seu segundo torneio sob comando de sua nova equipe técnica após oito anos de trabalho com o francês Guille Cervara.
Sem conquistar nenhum título desde 2023, Medvedev comentou com a imprensa chinesa que não se apega muito ao que conquistou ou deixou de conquistar no passado e mesmo tendo um histórico de títulos na Ásia (Tóquio em 2018 e o Masters de Xangai em 2019), no momento ele trabalha para voltar ao seu melhor nível, pois mesmo quando estava tendo bons resultados caía ao enfrentar o espanhol Carlos Alcaraz ou o italiano Jannik Sinner.
“Agora, minha situação é diferente. Preciso recuperar meu jogo bem devagar; é quando finalmente poderei enfrentar alguém como o Carlos ou o Jannik”, disse rindo.
Trabalhando há cerca de um mês com o belga Rohan Goetzke e o sueco Thomas Johansson, Medvedev foi questionado quanto seu tênis já está mais claro no momento e respondeu com muita sinceridade: “Definitivamente ainda não há clareza, mas estou tentando. Não estou tão longe de encontrá-la, mas vou precisar de tempo. E também de dedicação, algo que talvez eu não tenha tido o suficiente. Sempre fui alguém com muita dedicação, mas talvez pudesse tê-la usado de forma diferente este ano. Talvez eu precisasse dar uma guinada e encontrar essa dedicação; é isso que quero fazer passo a passo”.
O russo disse que o período de treinos que teve sem a necessidade de competir após sua abrupta eliminação na primeira rodada do US Open o ajudaram a se reencontrar com suas características e que o momento é de trabalhar para encontrá-las durante a competição.
O tenista foi questionado diretamente sobre se o nascimento de sua segunda filha pode ter sido parte importante das coisas não terem andado na temporada ou se era outra coisa. Medvedev então contou que ouve muito de tenistas amadores, principalmente na França e em Mônaco, onde mora, que as pessoas são como ele: tranquilas na vida e ficam loucas em quadra.
“O tênis pode te deixar louco. Me deixa louco. Você me pergunta por que tive um ano ruim? Não tenho uma resposta clara. Pode ser minha segunda filha. Pode ser meu relacionamento com Gilles. Pode ser que eu esteja um pouco mais velho e tenha começado a pensar mais do que quando era mais novo. Pode ser azar, ou talvez eu não tenha me sentido bem fisicamente em certos torneios. Nunca se sabe”, disparou o russo.
“Não tenho uma resposta clara. Amo as minhas duas filhas e a minha esposa. Não é um problema para mim. Se eu jogar tênis pior por ter a minha segunda filha, estou feliz e não me importo. Claro que isso me preocupa e sempre me preocupou: estou procurando uma maneira de mostrar a todos que sou capaz de realizar grandes feitos novamente”, concluiu.
Medvedev encara na próxima rodada o espanhol Alejandro Davidovich Fokina a quem disse que gosta de enfrentar. Os dois já se enfrentaram cinco vezes no circuito e o russo levou a melhor em quatro destes encontros.
