Idiossincrasias de número 1

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Por Artur Oliveira Salles

Bastaram alguns percalços em , Indian Wells e Roma para que uma “má-fase” fosse plantada pela mídia. Peculiaridades de um número um: mesmo perdendo para o excelente argentino Guillermo Cañas nas quadras rápidas norte-americanas e para o super motivado italiano Filippo Volandri em sua casa, a iniciou uma cruzada de convencimento da tal fase .

O fato é que a imprensa se alimenta da construção de ídolos e mitos, de supostas crises e de especulações. Roger Federer reinou de forma tão pujante que é natural que sua tenha um sabor especial temperado com especulações sobre as razões dos infortúnios.

O que a imprensa passou a considerar “má-fase” foi, apenas, uma série de três derrotas consecutivas nos Master Series de Miami, Indian Wells e Roma. Nos dois primeiros, Federer foi derrotado por um excelente tenista, que antes de ser suspenso pela Associação dos por um suposto doping, freqüentava o top ten com assiduidade. No master series italiano, Roger Federer fez, certamente, uma de suas piores apresentações como diante do super motivado Filippo Volandri, que contagiado pelo colossal complexo tenístico construído no início do século 20 por Mussolini alcançou, surpreendentemente, as -finais desse . O problema é que derrota de número um não se justifica; se amplia.
 

Duas dúvidas desembarcaram em Hamburgo para o início do Master Series alemão: primeiro, se Roger Federer sucumbiria precocemente diante de algum tenista mediano, consolidando assim a suposta fase ruim; e segundo se o “maratonista” Rafael suportaria completar mais uma etapa de sua odisséia física à conquista de todas as competições da de saibro européia, o que inclui o possível tricampeonato de em algumas semanas. Nem Federer caiu diante de algum tenista razoável em seu caminho à final, nem Nadal foi “traído” por sua condição física a ponto de ser derrotado por algum de seus oponentes até o reencontro com Federer na grande final.

O palco estava montado para mais um duelo entre o líder e o vice-líder do de entradas, e eis que a idiossincrasia de um campeão fez-se : mesmo jogando mal, distribuindo “madeiradas” para todos os lados e desacreditado pela imprensa, Roger Federer venceu Nadal quebrando uma invencibilidade no saibro de mais de 80 partidas. O se impôs perante a correria e o esquema tático com a recuperação da confiança na parcial da derradeira partida. No terceiro set uma aula de .
 

Agora, o que parecia impossível devido à brilhante série de conquistas no saibro de Rafael Nadal se torna muito mais palpável. Assim como Nadal pode levantar o seu terceiro troféu seguido em Roland Garros, Federer pode realizar o imensurável de, em algumas semanas, completar o petit slam, ou seja, vencer os quatro majors de forma consecutiva. E as idiossincrasias típicas dos grandes campeões podem, novamente, fazer a diferença: vencendo muito mais em conta pelo respeito construído pelo reinado dos últimos três anos do que pelos resultados mais recentes, o suíço é um forte ao título do aberto francês; o único que falta em sua coleção. E a confiança, agora em alta, pode inclusive dispensar tais idiossincrasias.

Seriam necessárias horas de trabalho para elencar as inúmeras vezes que Federer venceu jogando mal – apenas aproveitando aqueles momentos decisivos nos quais os grandes campeões prevalecem; aquele game crucial que define um título e eleva a confiança de um gênio, cravando seu nome na história do esporte. Nesses momentos que as pequenas idiossincrasias diferem os grandes esportistas dos tenistas apenas muito bons.

Sobre Artur Salles

Artur Salles Lisboa de Oliveira é jornalista, coordenador-geral da Revista Eletrônica Raciocínio Crítico, acompanha o circuito profissional de tenis desde Novembro de 2003 e colabora com a Tenis News desde Março de 2005.

Email: arturslo@hotmail.com

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