Em entrevista ao Estadão, o ex-número 1 do mundo Gustavo Kuerten, o Guga, explica que apoia a decisão de Bia Haddad Maia em fazer uma pausa no calendário para cuidar do seu bem-estar.
Hoje com 49 anos, Guga abordou o tema de maneira sincera, e disse que poderia ter feito o mesmo na época em que atuava como profissional. O catarinense encerrou sua carreira antes do esperado após cirurgias e uma longa luta contra problemas no quadril.
“Fiquei sabendo sobre este assunto. De imediato já vem na minha cabeça: ‘cara, se eu tivesse parado mais cedo pelo menos em um ou dois anos, eu teria jogado 20 anos a mais’. Eu vejo que é uma decisão muito assertiva. Quando a gente fala, hoje em dia a palavra é focada no estresse mental, mas tudo é mental, tudo é físico”, iniciou o tri-campeão de Roland Garros, em 1997, 2000 e 2001.
“Na nossa época, não era nem permitido falar do assunto. Por isso ninguém trazia o tema, mas todo mundo colapsava da sua forma. Tinha gente que ficava seis meses sem ganhar uma partida e tinha que seguir. Hoje em dia, eu acho que é mais generoso com o atleta”, seguiu Kuerten.
O ex-líder da ATP conta que chegou a jogar em seu limite, e que hoje tomaria outra decisão.
“Já não tinha mais condições de competir. Só que eu estou no Finals, oito melhores. Eu vou de arrasto”, disse se referindo ao ATP Finals de 2001. “O natural seria, se eu entendo e tenho o conhecimento de hoje, algumas experiências, parar seis meses pelo menos, ou até um pouco mais. Ninguém vai morrer deixando de jogar Roland Garros, mas a sensação era aquela.”
Guga também deixou uma reflexão: “Enxergar que a vida vai além do esporte me ajudou muito. Balanceava de forma generosa as minhas iniciativas, ações e empenhos. Mas a gente se entrega para tudo porque é um desafio imenso… Com o tempo, descobriu-se que quem não quer se atrever tanto, é de direito. Antes, o atleta tinha que ser o super herói, sempre pronto. Não é assim, nunca foi e nunca será.”








