O italiano Fabio Fognini,ex-top 9, concedeu ao podcast italiano Supernova uma de suas primeiras entrevistas após se aposentar do circuito profissional com uma derrota para o espanhol Carlos Alcaraz na primeira rodada de Wimbledon deste ano.
Fognini abriu a entrevista falando sobre como tem explicado para as pessoas a surpreendente e inesperada decisão de se aposentar sem prévio anúncio: “Estou muito surpreso porque foi em 30 de junho, estamos no início de setembro [quando a entrevista foi gravada], mas algumas pessoas me dizem: ‘Que combinação incrível’e o que mais me disseram foi: “Mas por que você não continua um pouco mais?” Em conversa com a psicóloga eu decidi dividir a forma como falo disso, umapara amigos próximos e outra para os outro de fora” rua”, iniciou.
“Foi um período muito difícil. Eu tinha e tenho tido muitos problemas nos pés e não conseguia nem imaginar uma partida como aquela. O final chegou e eu disse: “Pessoal, deixem-me aproveitar o meu tempo porque preciso de um tempo para mim”. E foi isso que eu decidi. Considerando tudo, acho que tomei a melhor decisão”, completou ele, que é casado com a também ex-tenista Flavia Penetta, que também surpreendeu com anúncio repentino ao conquistar o título do US Open 2015.
Na sequência o italiano é perguntado se tivesse vencido Alcaraz seguiria competindo, já que o duelo foi para o quinto set e acabou com placar de 7/5 6/7 (5-7) 7/5 2/6 6/1, ele afirmou que era muito difícil “mentalmente” seguir e voltou a falar das dificuldades que encarou com as lesões nos pés e as cirurgias que encarou mais seus processos de recuperação na tentativa de se manter competindo em alto nível.
Fognini contou que durante a preparação para a disputa de Wimbledon, no dia do sorteio, ligou para sua esposa para contar que não sabia se pedia tratamento nos pés ou nas costas e lhe perrguntar se sua estreia já estava definida, mas ele ainda não havia aparecido na chave: “Os outros foram aparecendo e nada de mim e então saí por último. Liguei para ela novamente e falei com ela: ‘Vou jogar contra o Alcaraz’ e então ela ficou muito feliz e passou o telefone ao Federico”.
Fabio Fognini destaca neste momento que o filho mais velho é um fanático tanto de Alcaraz quanto de Jannik Sinner. “E eu disse: ‘Fede, você viu?’ E ele disse que não e eu falei: ‘Droga, vou jogar contra o Carlitos’ e ele me respondeu: ‘Droga, pai, você vai perder’. E aí eu lhe disse: ‘Obrigado, Fede, pela confiança'”, diz rindo.
Fognini conta que perguntou ao filho se ele gostaria de ver a partida presencialmente e com a afirmativa do filho pediu que a mulher comprasse as passagens para ela e os filhos e ele chegaram em Londres dois dias antes do confronto: “Vivemos um pouco esse confronto. Eu não estava nervoso porque, sem sombra de dúvida, eu era o azarão. Meu único pensamento é jogar uma partida com P maiúsculo. Tentando jogar minhas cartas. Eu sabia que tinha capacidade técnica para acompanhar. A única dúvida era meu físico”, confessou ele que enfrentou o espanhol 16 anos mais jovem e em um confronto a melhor de cinco sets.
O italiano segue contando que na noite prévia ao duelo com Alcaraz dormiu com a segunda filha do casal, Farah, mas que a ansiedade o impediu de descansar: “eu tinha dúvidas, mas só tinha um desejo: ‘Por favor, Fábio, tente se divertir amanhã e faça uma boa partida'”.
“E eu usei essa palavra: ‘diversão’ durante toda a minha carreira, mas odiava. Por que me divertir? Eu entro lá e é uma batalha, seu sofro, fico puto…”, desabafa o agora ex-tenista: “E então essa palavra aqui, que eu sempre odiei, e sempre a carreguei como uma palavra que eu não gostava, foi útil para mim na última partida da minha carreira. Então essa coisa é estranha: eu me diverti muito. Eu nem estava pensando no resultado”.
Fognini conta que, se observa com um olhar crítico, talvez tivesse até chegado a vencer, caso tivesse ‘acreditado mais’ após o primeiro set ou mesmo no quinto, mas destaca estar “satisfeito” com o fim tanto quanto com toda sua carreira.
O campeão do Brasil Open de 2018 e vice-campeão do Rio Open em 2015, Fognini encerrou sua carreira aos 38 anos com nove títulos em nível ATP em simples, o principal deles e o último, a conquista do Masters de Monte Carlo em 2019. Ele ainda acumulou 10 vices em nível ATP em simples e também construiu uma sólida carreira nas duplas acumulando oito títulos em nível ATP incluindo o Rio Open de 2022 e tendo como principal o Australian Open de 2015, ambos conquistados ao lado do compatriota Simone Bolelli.