O ex-tenista e atual diretor do Masters e WTA de Madri e das Finais da Copa Davis, Feliciano López concedeu entrevista ao treinador espanhol Carlos Calderón para o Punto de Break onde recordou sua longa carreira e falou sobre as mudanças do esporte.
Feliciano iniciou a conversa falando de projetos pessoais como a abertura de uma academia de tênis em alguns meses, falou de seus trabalhos como diretor de torneios e destacou como foi sua formação como atleta, que contava muito com a observação de outros tenistas.
“Você vê um vídeo desta época em Wimbledon e percebe, saque e voleio, com os dois saques. O pensamento era: ‘Se quero jogar aqui, tenho que me adaptar'” disse o espanhol que foi idagado que hoje em dia, os jogadores conseguem se preservar mais.
“Claro que sim, as quadras são mais lentas. Isso é parte da evolução. O jogador precisa deminuir o ritmo, porque cada vez sacam melhores e te obrigam a jogar na velocidade que te foi imposta e isso faz com que os jogadores tenham que evoluir também”, destacou.
“Agora o tênis está em um momento muito diferente. A verdade é que com (Jannik) Sinner e (Carlos) Alcaraz, estamos vendo algo que é espetacular. Primeiro a rivalidade entre eles e então o contraste de estilos, mas, na minha visão: todo mundo joga parecido. Eu gostaria de ver mais diversidade. Eu gostaia de ver aquele que domina de fundo, aquele que é baixinho e busca a vida (em quadra), o alto que diz: ‘tenho que melhorar seu físico, não vale só ficar em sacar’. Falta diversidade, mas isso é provocado pela unificação de perfis de quadras”, completou.
Feliciano destaca que há muito mais conhecimento disponível hoje para os tenistas e os profissionais em seu entorno o que torna trabalhos como o físico mais eficientes e específicos.
Recordando de momentos de sua carreira, Feliciano López lembrou da histórica final entre Espanha e Argentina na Copa Davis 2009 em que ele substituiu Rafael Nadal e venceu o duelo de simples e duplas para garantir o título a seu país.
Feliciano deu um destaque ao público argentino: “E com um público, que nossa… Se tirando a parte de competir, vencer ou perder. Viver aquele momento foi a melhor experiência esportiva que eu tive na minha vida. Eu fui lá, venci o (Juan Martin) Del Potro, nós ganhamos e uma final que foi a mais difícil que a Espanha jogou e viver aquele ambiente é algo inesquecível”.
A conversa seguiu e Feliciano López detalhou como “sempre foi grato” pela vida que o tênis lhe proporcionou com viagens e conhecer outras pessoas. “Desde muito cedo eu ouvia da minha mãe, que trabalhava no hospital: ‘os dramas da vida são outros, não é perder uma partida de tênis’ e por isso, sempre levei de uma outra maneira”, recorda.
Feli recorda ainda que sempre ‘curtiu’ a vida no circuito, que as vezes pegava algum companheiro de circuito e saía para conhecer a cidade conde estavam, comia em um local próprio da região, iria a um museu e outras coisas. O ex-tenista acredita que a vida 100% dentro e dedicada ao tênis pode ser prejudicial.
Nesta faça, Calderón destaca declarações recentes de Andrey Rublev que afirmou estar buscando coisas paralelas ao tênis para o ajudar e parar com a tensão do esporte.
“Eu sempre me recordo de uma frase do Pepo (treinador espanhol): ‘No tênis o que se precisa são psicólogos e psiquiatras, não treinadores de tênis’. O que é uma verdade. Evidentemente, no nível mais alto um pouco menos, mas quando você baixa o nível, vai a um Challenger, etc, onde você vê mais fustração, jogadores que buscam seu sonho e têm mais dificuldades. Bem ou mal o tema econômico também pega, porque se ganha mais hoje jogando tênis,todas essas situações…”, declarou ele sento interrompido: “Você está dizendo que o tênis é um triturador de mentes?”.
“Sim. Totalmente, estou muito em concordância com esse pensamento, mas acho que é preciso ver além e outras coisas dentro disso”, completou e destacou a importância das pessoas no entorno dos tenistas: “É preciso aprender a ver que a vida é muito mais que o tênis”, destacou.