Ex-tenista e que virou guru, conhecido por ter trabalhado com Novak Djokovic até 2018, Pepe Imaz reapareceu em uma entrevista ao jornal espanhol MARCA e se defendeu de julgamentos que recebeu na época.
“Eu estava caindo em um poço muito escuro”, disse Pepe que sofreu com a bulimia: “Eu estava tentando me matar através da comida.” Foi então que ele entendeu que o problema não era o tênis.
“Eu queria vencer para ser amado, para ser respeitado. Eu sofria porque não estava conquistando o que eu queria, ou o que os outros diziam que eu era capaz de conquistar. Chega um ponto em que você não quer mais viver”, diz ele.
Aos 18 anos, ele decidiu pedir ajuda. Primeiro em livros, depois com profissionais. “Vivi tudo em segredo, com medo de ser descoberto. Me sentia um fracasso.” Através da leitura, reflexão e trabalho pessoal, ele chegou a uma conclusão fundamental: “O que eu buscava era amor.”
A partir daí, ele mudou a forma como encarava cada partida. “Antes, eu me julgava a cada golpe. Comecei a repetir ‘Eu me amo' e a falar comigo mesmo com respeito. Quando parei de precisar vencer para me sentir digno, comecei a jogar melhor.”
“Quanto mais eu vencia, mais recebia esse amor falso. E percebi que não estava preparado para viver nessa farsa” No melhor momento de sua carreira, aos 23 anos, ele pendurou a raquete.
“Nunca pensei em treinar ninguém”, afirma. Vários jovens lhe pediram ajuda. Ele aceitou e começou a compartilhar tudo o que havia aprendido, combinando tênis e gestão emocional. Uma abordagem incomum e muito criticada. “Fui julgado — e ainda sou — por falar de amor em um esporte competitivo. Para muitos, era algo estranho.”
Foi nesse contexto que Marko Djokovic chegou a Marbella, recomendado por um dos jogadores que Imaz treinava. A mudança foi imediata, principalmente no nível emocional. Vendo o progresso do irmão, Novak Djokovic quis conhecer o treinador de quem todos falavam e se mudou para Monte Carlo. “Não fiz nada de extraordinário com o Novak. Apenas compartilhei coisas que me ajudaram.”
Para Imaz, o fator mental é crucial no tênis. “Não acho que exista algum jogador que diria que a mente é menos importante que 70%. Eu poderia passar quatro horas na quadra, mas a cada golpe eu falava comigo mesma com respeito, não com punição.”
Ela trabalha para a Real Federação Espanhola de Tênis, dando cursos para pais, treinadores e jogadores sobre gestão emocional em competições. Ela também compartilhou sua experiência em um livro. “Eu me exponho completamente. Revelarei minhas falhas, porque elas também são maravilhosas. E a solução é sempre a mesma: ame-se, respeite-se e aceite-se.”









