Marcelo Demoliner fez uma reflexão em seu perfil no Instagram a respeito da recente entrevista dada pelo jovem carioca João Fonseca ao Globoesporte.com na qual revelou ter o objetivo de ser o número 1 do mundo. “Quando alguém escolhe falar com o coração aberto, isso precisa ser valorizado”, destaca o gaúcho.
Demoliner abre seu vídeo pontuando que João Fonseca, na entrevista ao GE “falou com clareza, com coragem, (e) com propósito” e destaca a “maturidade” do carioca de 18 anos em falar sabendo “o peso do que está dizendo”.
“Mas é aí, como sempre, vem o outro lado: gente tirando frase de contexto, gente achando que é arrogância, que é soberba, porque hoje em dia as pessoas leem manchetes, assistem segundos de um corte de rede social, e automaticamente julgam ou já querem opinar se achando experts no assunto. Mas o que mais me pega é quando começam a falar coisas de ruidade mesmo, sabe? E como atleta isso me dá um nó por dentro”, pontuou o gaúcho recordando que no início de sua carreira ele “corria” de jornalista.
“Não é força de expressão não, eu corria mesmo. Primeiro porque eu era muito tímido, segundo porque eu tinha medo de falar o que eu pensava, e se eu pudesse virar piada ou manchete distorcida”, confessa destacando que este medo não é apenas dele, mas comum no circuito de tênis: “No fundo tu não sabe como vai ser interpretado”, reintera.
O experiente duplista, atual ex-top 35 e atual 88º no ranking de duplas, pontua que em dado momento da carreira o atleta precisa dar as caras, “porque você tem patrocinador, ranking, metas, cobrança, gente te olhando o tempo todo” e que é neste momento em que precisa-se decidir se a postura publica será “protocolar” ou sincera para “mostrar para o mundo o tamanho do sonho que você almeja”.
“O João escolheu mostrar porque ele veio, e é importante dizer, isso exige muita coragem. Porque quando você se expõe desse jeito, você pode virar algo fácil. Mesmo estando certo, mesmo com as melhores intenções, a internet não perdoa quem fala alto sobre si mesmo. Só que é curioso, os mesmos que cobram personalidade de um atleta, são os que mais julgam quando ele mostra quem é de verdade. É um ciclo cruel”, ressalta.
“Se você fala pouco, te chamam de robô. Se você fala muito, te chamam de marrento. E nesse meio caminho, muitos atletas acabam se fechando, se protegendo, jogando seguro. Não apenas em quadra”, continuou. “Por isso, quando alguém escolhe falar com o coração aberto, isso precisa ser valorizado“.
Demoliner ressalta que ‘sonhar alto não é prepotência”, mas alguém acreditando em si. “Sse você olhar os craques dessa nova geração, (Carlos) Alcarazá, (Jannik) Sinner, (Lorenzo) Musetti, (Holger) Rune, (Jack) Draper, (Ben) Shelton, todos eles não tiveram medo de falar o que querem na carreira: se tornar o melhor do mundo. Isso não é arrogância, é convicção“, exemplifica.
Aos 36 anos, Demoliner destaca sua admiração por João Fonseca citando as falas e a maneira como tudo foi expresso pelo jovem brasileiro: ” Isso mostra que ele está criando casca para lidar com a parte mais difícil da carreira: a expectativa dos outros. Porque da dele, já (ele) dá conta e faz tempo”.
“E no fim das contas, esse vídeo nem é sobre o João. É sobre quem tem coragem de dizer alto o que muita gente só pensa, mas prefere guardar para si. Porque, amigão, sonhar pequeno é confortável“, finaliza.
Confira a publicação na íntegra: