Boris Becker no podcast High Performance (Crédito: Reprodução YouTube)
Boris Becker no podcast High Performance (Crédito: Reprodução YouTube)

Becker afirma que perdeu controle e dá conselho a Yamal e jovens

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O alemão Boris , ex-número 1 do mundo, concedeu uma franca entrevista ao High Performance em que falou sobre momentos delicados de sua vida a quebra financeira, o momento em que foi considerado culpado por fraude financeira, tempo na prisão e também como foi encarar o mundo após vencer aos 17 anos.

Becker comentava as dificuldades financeiras em que entrou nos últimos anos, graças à falta de estrutura que teve ao longo de sua carreira, pois ganhou muito dinheiro muito jovem e após ser processado e considerado culpado pela justiça inglesa, saiu da prisão sem nenhum valor em conta, nem para pagar suas contas básicas.

Neste momento ele é perguntado o que ele diria a qualquer jovem de 17 anos ou um pouco mais como ele em 1985, alcançou o ápice de sua carreira e sucesso financeiro.

“Na verdade, aquele garoto (ele mesmo) de 17 anos fez o que era certo, sabe?”, iniciou Becker. “Falando de mim, eu era uma máquina de tênis. Eu fui jogando, ganhei torneios, virei número 1. Eu fui (bem) até eu me aposentar do tênis. Foi aí que os problemas começaram”, seguiu.

“Teve um período no meio dos meus 20 anos que eu tive tipo um ‘burn out’ (exaustão), em que eu estava cansado do tênis e talvez o meu eu de hoje diria aquele de 25 anos: ‘Cara, dá um tempo. Tira um ano , vê o que você quer fazer. Vê se você quer pagar o preço de ser o grande tenista que você quer ser; era olhar as coisas, mas eu não fiz isso. Eu segui em frente. Eu tinha contratos, muitas responsabilidades. Eu joguei aquilo (alto nível) até os 22 (anos), talvez eu tivesse ido mais longe se tivesse parado aos 25. Hoje os caras podem fazer isso aos 30, mas eu parei (de jogar) porque eu tinha uma situação séria com uma no tornozelo”, recordou ele que se aposentou aos 32 anos do tênis com 49 títulos profissionais, dos quais seis são Grand Slams.

Então o alemão foi questionado sobre o que diria ao jovem atleta de hoje sobre ‘pessoas’: “Escolha seus amigos com inteligência. Claro, olhe por sua família, mas algumas famílias de atletas tiram vantagens deles. Isso é comum. É difícil não perder o controle da vida. É muito duro vencer Wimbledon aos 17, talvez se fosse um ano mais tarde, eu teria vencido mais. Eu estive em sete finais e perdi quatro e isso é algo que me irrita”, iniciou.

“Vencer Wimbledon aos 17 anos não é saudável. Não existe uma maneira normal de lidar com isso e eu sei disso hoje”, completou.

O ex-número 1 do mundo então foi recordado de um trecho de sua biografia em que afirma que após vencer Wimbledon em 7 de julho de 1985 ele teve sua vida “tirada de si” e perguntado sobre como é isso.

“Vou tentar por em números de hoje. Em 1985 não havia nem internet e nem o Instagram. Façamos um exercício de imaginação”, convida Becker: “Um garoto britânico de 17 anos vence Wimbledon no próximo verão. Ele vai ganhar centenas de milhões de seguidores e, em termos de valorização, ele será Messi (Cristiano) Ronaldo. Isso teria sido eu, um garoto de 17 anos na Alemanha”.

“Você perde o controle quando um país inteiro toma as rédeas da sua vida. Isso aconteceu comigo. O tênis é um esporte internacional, então uma galera nos Estados Unidos vai querer um pedaço, outros na Austrália… meus patrocinadores querem um pedaço. Isso foi o que aconteceu. Você perde o controle da sua vida. Tudo é decidido por você. Algumas pessoas têm boas intenções, claro, mas você não pode mais dizer: ‘Ah! Estou cansado para o treino de amanhã’ porque você terá de dar uma entrevista coletiva de porque você não treinou, pois o torneio venceu ingressos para os treinos. Ou você não quer jogar um torneio, você recebe uma multa e se você diz: ‘Meu ombro dói’, você precisa mostrar uma evidência, você tem de ir ao médico. Tudo o que você faz é julgado”, destaca

Becker então cita o fenômeno do futebol espanhol Lamine Yamal, que tem 18 anos e nesta semana foi eleito o melhor jogador de futebol do ano, o Bola de Ouro.

“Olha tudo o que ele está enfrentando. Não preciso ir longe para te dizer como isso pode acabar, mas ele tem o risco de que as coisas não fiquem bem daqui a 10 ou “, destaca Becker pontuando a origem modesta de Yamal: “Ele é um homem rico hoje, como sua mãe, pai e irmã. Imagina a quantidade de pessoas que querem um pedaço dessa riqueza. Foi o fato de como é a mente de alguém com 17, 18 anos em que tudo o que ele faz é público. Você tem a privacidade tirada e ainda não sabe quem você é; você não é . Claro que há gente que , o presidente do clube, mas quando ele deita sozinho ele pensa: ‘O que vai acontecer?’ Há formas de se fazer as coisas, elas podem ser boas ou não”.

Perguntado sobre o que aconselharia a Yamal: “Encontre duas ou três pessoas seriamente honestas para olharem para você, a pessoa, o ser humano, não pelo prodígio”.

Becker destaca que quando jogava tinha a família no entorno e estava tudo bem: “Mas minha educação em negócios simplesmente não aconteceu. Então eu não sabia o que estava indo bem, quem estava me roubando, quem tirou vantagem e foi por isso que os problemas começaram quando minha carreira acabou”.

Confira a entrevista de Becker na íntegra e em inglês:

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