Crédito: Moises Alex no Unsplash
Crédito: Moises Alex no Unsplash

Apostas sob pressão: o que as mudanças lá fora dizem sobre o futuro do mercado

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Logo nas primeiras linhas de qualquer debate sério sobre apostas esportivas, três forças aparecem: tributação, integridade e combate ao mercado ilegal. No Reino Unido, a indústria de corridas de cavalos fará uma paralisação inédita em 10 de setembro para pressionar o governo contra a elevação do imposto remoto de 15% para 21% — medida vista como golpe duro a uma cadeia que sustenta dezenas de milhares de empregos, segundo reportagens do The Guardian e da Financial Times.

Regulação em movimento: Reino Unido, Holanda e Austrália

Além do embate tributário, o regulador britânico avança na operacionalização do “statutory levy”: as primeiras faturas do novo encargo foram disponibilizadas em 1º de setembro e o pagamento integral vence antes de 1º de outubro, conforme a própria Gambling Commission explicou em sua página de orientação.


Na Holanda, uma revisão conduzida pela Kansspelautoriteit (KSA) concluiu que os métodos atuais de análise de risco no online não entregam a proteção esperada ao consumidor, pedindo ajustes para reforçar consistência e eficácia desses controles.


E a Austrália, por sua vez, segue apertando o cerco: a autoridade de comunicações (ACMA) determinou que provedores de internet bloqueiem novos sites irregulares — incluindo serviços de previsão — após constatar violações à lei nacional de jogos.

Lições para o Brasil: integridade e foco no mercado legal

Do lado de cá, as referências são claras. O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) sustenta que tecnologia e dados são a espinha dorsal da integridade: associadas monitoram transações e padrões de jogo com IA, acionando autoridades e entidades esportivas quando surgem sinais de manipulação; a filiação à IBIA faz parte dessa arquitetura de confiança replicada de mercados maduros.


Mas a integridade começa pela base: o consumidor precisa saber onde está apostando. Pesquisa apoiada pelo IBJR mostrou a dificuldade em distinguir plataformas legais das ilegais — 78% relatam esse desafio — e mapeou táticas de operadores clandestinos, de domínios mutantes à publicidade com promessas de lucro fácil.

Daí a relevância de sinais simples e verificáveis: no Brasil, empresas autorizadas devem usar o domínio “.bet.br”, além de exigir reconhecimento facial e oferecer limites de tempo e gasto — elementos que reduzem assimetrias e ampliam a proteção ao jogador.

O recado global é consistente: elevar imposto sem calibrar impactos setoriais pode distorcer incentivos e empurrar usuários para opções de maior risco; deixar métodos de risco desatualizados fragiliza a prevenção de danos; e afrouxar o enforcement alimenta o mercado clandestino. 

O Brasil tem uma oportunidade rara — consolidar a regulação recém-implementada com foco em integridade, educação e padronização de regras. No curto prazo, isso significa reforçar a diferenciação das plataformas licenciadas, apoiar protocolos tecnológicos de detecção de anomalias e manter a fiscalização ativa contra operadores irregulares. 

Experiências recentes no Reino Unido, na Holanda e na Austrália mostram que resultados aparecem quando política pública, tecnologia e transparência caminham juntas.

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