Por Fabrizio Gallas - Bruno Soares comemorou o aumento da premiação anunciado no meio deste mês pela ATP com ênfase nos Masters 1000 e comentou o gargalo com os torneios menores tomando seu próprio exemplo de que só não saiu "no prejuízo a partir dos 26 anos".
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Os Masters terão um incremento de 11,5% nos próximos quatro anos e o restante dos 2,5 ficará com os ATPs 250 e ATP 500 o que totalizará uma premiação acima dos US$ 135 millhões até 2017. Bruno Soares, atual 10º do mundo nas duplas, entrou no Conselho de Jogadores, o qual trabalha com André Sá, no meio desta temporada: "Os torneios não são nada sem os jogadores, eles que fazem o show,, nada mais justo que a melhoria na divisão. O tênis vive um grande momento, com feras gerando muita mídia e consequentemente patrocínios e lucro para maioria dos eventos, principalmente os Masters onde os jogadores tops tem que jogar", disse Bruno apontando que os torneios da série 250 e 500 sofrem um pouco para fechar contas por não contarem sempre com os melhores do mundo.
Se por um lado é comemorado a melhoria na premiação dos principais eventos, aqueles intermediários, os challengers, só tiveram aumentos no evento inicial onde passaram de US$ 25 para US$ 40 mil. Os demais ficaram estagnados há décadas com o melhor fechando nos US$ 125 mil. Aumentar esses eventos seria uma temeridade segundo o bicampeão do US Open em dupla mista.
"Se dobrar a premiação dos challengers, estes torneios vão desaparecer, a maioria deles não fecha a conta, são raros os de muito sucesso, a maioria que têm sucesso tem incentivo de prefeituras ou federações locais".
De acordo com Bruno, a ATP e os jogadores do Conselho estão estudando soluções para o caso. Enquanto nada foi definido de concreto, a entidade que cuida do tênis masculino está dando este ano, sem alarde, incentivos de US$ 25 mil para promotores que realizarem challengers a partir de US$ 50 mil em semanas chave, como a de qualies de Grand Slam: "É um caminho, mas a ITF (Federação Internacional de Tênis, que cuida de futures e Grand Slams) deveria fazer uma parceria com a ATP para criar este incentivo com a grana que vier dos Grand Slams e federações que organizam os Slams que têm um lucro muito maior que os eventos Masters da ATP".
Recentemente uma promessa britânica, Oliver Golding, campeão juvenil do US Open de 2011, desistiu das quadras alegando problemas financeiros.
O mineiro não gostou da atitude: "Tênis é assim e future é um trampolim. Não se ganha dinheiro em future, é apenas uma fase de aprendizado e o tênis é um investimento constante, você só vai ganhar lá na frente, se batalhar muito, não foi só por problemas financeiros que ele abandonou", disse o brasileiro lembrando de sua história.
"Está mais difícil se tornar um grande jogador hoje, a competição é muito maior. Sempre investi em minha carreira, desde os 12 anos. No juvenil não se ganha dinheiro. Graças a Deus meus pais ajudaram e consegui alguns patrocínios no começo de carreira, mas eu sempre sai no prejuízo, o primeiro ano que não tomei preju foi em 2008, aos 26 anos (fez semi de Roland Garros com o sérvio Dusan Vemic)", completou o mineiro.
Bruno começa o ano em Doha, Qatar, com Alexander Peya, a partir do dia 5. Ele viaja no dia 1º. Seus planos para 2015 são a busca por um título de Grand Slam nas duplas masculino e buscar triunfos em Masters além da classificação para o ATP World Finals.