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Sá aprova aumento de premiação, mas diz: 'Dificuldade financeira aumentou'

Terça, 30 de dezembro 2014 às 08:00:00 AMT

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Tênis Profissional
Por Fabrizio Gallas e Vitor Paula - Um dos nomes mais experientes e respeitados do circuito, o mineiro radicado em Blumenau (SC) André Sá, de 37 anos, bateu um papo com o Tênis News e falou sobre o aumento da premiação dos ATPs e distorção com os eventos menores.

Membro do Conselho Geral da ATP, Sá vê como desafio junto à entidade nos últimos anos a luta pelo aumento na premiação dos atletas e eles conseguiram uma importante vitória nas últimas semanas com o anúncio do aumento da premiação nos torneios da série Masters 1000 e nos demais.

Sá comemorou a decisão de 14% de aumento, sendo 11,5% para os Masters. O foco é trabalhar pelo incremento no prize money dos torneios menores, de médio porte, os challengers, visto que os 'Futures' são organizados pela ITF. Confira na íntegra o bate-papo.

Tênis News: Qual sua opinião sobre o anúncio do aumento dos prêmios para 2015, sobretudo em Masters 1000 ? Ficou no adequado, ou pode ser melhor ?
André Sá: O aumento da premiação foi justo. Discutimos sobre esse assunto o ano inteiro deixando claro que os Masters 1000 tinham todos os melhores do mundo por um preço baixo quando comparado com os ganhos de cada torneio.

TN: Há diretores de torneios entrando com processo contra a ATP por conta desse aumento. Como está essa situação e como está essa queda de braço ? Como você vê essa situação para os jogadores ?
AS: Sempre tem os que ficam insatisfeitos, mas não é possível agradar a todos. A situação é que o acordo já está feito e tenho certeza que os torneios vão honrá-lo.

TN: À medida que aumenta a premiação nos ATPs, os challengers seguem estagnados. Há planos para aumento dessas competições, existe uma corrente para isso ?
AS: Existe sim uma corrente forte para isso acontecer. Mas o buraco é mais embaixo. Ao mesmo tempo que os jogadores pedem aumento da premiação, os promotores pedem retorno do investimento. Como aumentar prêmios se não temos retorno? É fácil dizer "é preciso aumentar a premiação" mas conseguir isso é mais complicado, mas sem duvida não dá pra ficar como está, é preciso encontrar uma solução.

TN: Hoje em dia estamos observando um gargalo no tênis, na transição, muitos jogadores pagam pra jogar - 80% de acordo com pesquisa feita pela ITF. Como resolver essa situação?
AS: Pagar para jogar é o pior cenário possível para um jogador/atleta, mas a realidade do esporte é essa agora. A dificuldade financeira aumentou muito, o que não acontecia quando eu comecei a jogar. A solução é planejar melhor o calendário e tentar dividir despesas com a equipe de treinamento. E ter consciência da normalidade de se ter que viajar por várias semanas, principalmente sendo sul-americano.

TN: A ITF promete para março lançar uma resolução com aumento de premiação de futures masculinos e femininos. Os masculinos subindo de US$ 10 para US$ 15 mil e os de US$ 15 para US$ 25 mil. Isso vai resolver o problema?
AS: Com certeza ajuda, mas a ITF tem também que entender que eles precisam criar condições melhores para os jogadores competir. Eventos bem organizados e em clubes onde se possa jogar com dignidade.

TN: Mas pode causar outro problema, o da diminuição de torneios por conta da maior fatia de grana que os organizadores terão que disponibilizar, correto ?
AS: Sim isso pode acontecer, mas eu trocaria quantidade por qualidade. Sempre.

TN: Este ano a ATP este ano está incentivando challengers em semanas cruciais, como a de qualies de Grand Slam, dando US$ 25 mil para eventos a partir de US$ 50 mil em determinadas semanas. Seria um primeiro passo para ajudar?
AS: Há essa ideia, a ATP teve bons resultados financeiros nos últimos dois anos e se puderem disponibilizar parte dessa verba para Challengers seria um grande passo. O Conselho com certeza vai discutir essa possibilidade.

TN: Qual a maior dificuldade pro jogador que está começando hoje sua carreira profissional? Como passar ileso essa transição?
AS: Há vários desafios mas alguns dos principais são: ter vontade e determinação para melhorar todos os dias, conseguir se cercar de bons profissionais, sair da zona de conforto. Mas o desafio financeiro também é gigantesco para pais/patrocinadores e confederações, mas o tamanho do desafio é o que torna a conquista ainda mais gratificante.
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