Denuncia feita pela ex-contadora da CBT, Katia Mueller, ao Ministério Público é trazida em reportagem da ESPN. A contadora que trabalhou na Confederação Brasileira de Tênis entre 2009 e 2012 fez as denuncias e apresentou provas em delação premiada.
Mueller fechou o acordo-denuncia com o MP buscando preservar sua carreira, já que enquanto contadora maquiou notas fiscais e desvios, o que pode tirar-lhe o direito de exercer a atividade de contadora no mercado.
Mueller depôs nesta sexta-feira no Ministério Público Federal em São Paulo e apresentou aos promotores os mesmos documentos aos quais a reportagem da ESPN teve acesso.
Em entrevista ao repórter José Renato Ambrosio, a contadora explicou que o presidente da CBT, Jorge Lacerda, usava recursos das verbas da confederação, que são verbas federais repassadas pelo Ministérios dos Esportes através de programas de fomento do esporte amador e de alto rendimento, para o pagamento de contas pessoais e de pessoas próximas a Lacerda.
"É claro que existia tudo. Desvio de verba, sim. Enriquecimento pessoal, sim. Pagava todas as contas lá dentro (da confederação), pedia para transferir... Ele tem auxílio moradia estipulado em tal valor mensal, aquilo que excedia ele pedia para distribuir em outras contas, isso foi feito. Ele não é remunerado. Ele tinha além dessa verba, passagem, outras contas. E pedia para tirar a nomenclatura dele de todas as contas", delatou Katia à reportagem.
Katia Mueller exemplificou uma conta de energia elétrica paga em 2012 no valor de R$ 320,62 que estava no nome da esposa de Lacerda, Beatriz Dutra de Menezes Lacerda Rosa, assim como uma conta da Comgás, companhia de fornecimento de gás. A contadora explicou que todos estes pagamentos foram registrados "outras despesas" no balanço financeiro da CBT, mas que nenhum destes balanços foram registrados na Junta Comercial, para que ninguém tivesse acesso a esses dados.
Vale ressaltar que Jorge Lacerda recebe um auxílio moradia para estar em São Paulo, tem todas as despesas quando a serviço da CBT pagas e não é remunerado. Entretanto, segundo Katia, valores que extrapolavam o valor do auxílio eram inclusos nas contas pagas pela CBT.
A CBT tem uma verba de R$ 11 mil mensais aprovada em assembleia em 2005 para o auxilio moradia do seu presidente, que à época já era Jorge Lacerda, e o valor poderia incluir contas pessoais. Este dado, também foi apontado pela CBT em comunicação à ESPN.
De acordo com Katia Mueller, uma das provas de mandos e desmandos do presidente seria o fato de ele contratar, pagar e demitir suas empregadas domésticas dentro da sede da CBT em São Paulo. A contadora disse que tem como provar até este tipo de informação, além de ter apresentado cópias de pagamentos, contas e registros contábeis da confederação ao Ministério Público Federal.
As federações do Ceará e Pará informaram à ESPN que pretendem entrar com uma ação na justiça para pedir o afastamento de Jorge Lacerda.
A CBT não se pronunciou oficialmente sobre estas denuncias.
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