X

O homem por trás do sucesso de Teliana traça meta para 2014: o top 50

Sexta, 20 de dezembro 2013 às 08:00:00 AMT

Link Curto:

Tênis Profissional
Por Fabrizio Gallas - Poucos o conhecem, mas Renato Pereira é um dos grandes responsáveis pelo sucesso de Teliana Pereira, tenista que este ano quebrou jejuns de duas décadas sem brasileiras no top 100 e quebrará outra marca sem brazucas em um Grand Slam no Australian Open em 2014.

Leia Mais:
Teliana destaca respeito e afinidade com o irmão
Teliana lidera Brasil na Fed Cup

O mais velho de sete irmãos, Renato tomou as rédeas para ajudar a família. Seu pai, José, e sua mãe, Maria Nice, trabalharam como bóias-frias em Águas Belas, Pernambuco. Em 1991, seu pai foi a Curitiba (PR) trabalhar com seu irmão em busca de vida melhor à família. Enquanto a mãe trabalhava na lavoura, o pequeno Renato, ajudava andando 40 minutos à cavalo para pegar água para suprir a necessidade dos companheiros. Dois anos depois, em uma condição melhor, o pai veio buscar Renato e Teliana e foi na capital paranaense que a história dos irmãos Pereira começou.

“Passamos dificuldade, mas não chegamos a passar fome, mas eu com seis anos ajudava minha mãe. Ela me colocava num cavalo e ia buscar água lá pra casa. Não tinha água potável, eu andava 40 minutos pra pegar água. Com meu pai em Curitiba e eu dava força pra minha mãe”, lembra Renato que mostra orgulho do francês Didier Rayon, que colocou a família no tênis. Didier empregou o pai em sua academia e deu a oportunidade de Renato ser boleiro. Ele tentou a vida no tênis, mas sem patrocínio abandonou a carreira cedo e virou treinador do irmão José Pereira, hoje top 500 do ranking. Depois de alguns meses, começou o trabalho com a irmã.

“Antes da Teliana dei uma força pro Zé Pereira e ele foi pra Santa Catarina (no Instituto Tênis). Mas ao mesmo tempo, desde pequeno eu sempre dava um toques pra Teliana”, conta Pereira que revela os segredos da atual 98ª do mundo que foi top 90 em outubro.

“A Teliana sempre teve um diferencial, sempre foi muito profissional. Ela com 11 anos tinha cabeça de 18, isso facilitou muito nosso trabalho, ela sabe diferenciar quando está dentro e fora de quadra, foi muito fácil ao longo dos anos domar ela”.

A timidez de Renato não se transmite no trabalho com a irmã famosa, mas a fala mansa ajuda no trabalho. O longo conhecimento já o faz saber os momentos de agir com a atual número 1 do Brasil: “É difícil segurar uma mulher. Tem que saber o ponto certo, tem dia que a mulher não está para conversar, tem que ter um jogo de cintura diferente do que treinar um homem. A Teliana não tem muitos dias de TPM, lógico que um dia ou outro, mas ela é muito profissional, ela me respeita muito e acaba sendo mais fácil. Com certeza, conheço muito melhor ela do que qualquer outro, por ser irmão também, só de olhar no olho dela, sei o que preciso falar no momento, no que fazer e isso acaba influenciando bem pro lado dela”.

A pernambucana ficou praticamente dois anos parada. Entre cirurgias, tentativas de volta frustradas e recuperação, a crença no retorno triunfal estava sempre na cabeça do irmão-técnico e na atleta. O fato de ter ficado esse período parado aumenta a longevidade no circuito da atleta: “Nós tínhamos certeza que ela ia voltar, ela é muito forte mentalmente, quando acredita numa coisa, não tem quem segure. Depois que recuperou e voltou só pensa pra frente, dizemos que apesar de 25 anos ela tem 22, 23 pelos anos que ficou parado, tem muita coisa pra evoluir”.

Renato é comedido ao celebrar a temporada 2013 onde a tenista faturou cinco challengers, fez semifinal no WTA de Bogotá, na Colômbia, e rompeu barreiras. Ele apenas vê a evolução que a tenista tem pela frente: “Foi um ano muito bom, o primeiro que ela começou a jogar WTA, estamos buscando melhorar fundamentos, a movimentação nas quadras e treinando para ser melhor ainda. A evolução será natural, começou agora a jogar com meninas mais fortes, vai ganhando mais volume de jogo, uma ou outra coisa que não tem tanta exigência nos torneios menores”.

O técnico iniciou o trabalho de pré-temporada com a pupila mais cedo, em outubro, e os torneios começam dia 27, em Brisbane: “Trabalhamos bastante a parte física, o saque que já deu uma evoluída boa. Queremos melhorar no piso rápido que é mais questão de costume, ela jogando mais, ficará melhor”.

O treinador e a pupila já traçaram metas para 2014, inclusive a meta de ranking: “Nossa primeira meta é seguir nessa evolução que citei e jogar os grandes torneios. Se ela jogar bem, os resultados vão vir e queremos que feche o ano entre as 50, 70 melhores”.
teninews.com.br
br.jooble.org