Por Fabrizio Gallas - O ano 2013 foi especial para Fabiano de Paula. Aos 24 anos disputou seus primeiros Grand Slams, esteve pela primeira vez na Europa, atingiu o melhor ranking, o 2XXº lugar, mas a pressão e um acidente na academia o fez cair para baixo dos 400 melhores.
“Foi uma temporada muito boa, pude jogar todos os torneios, challengers, Grand Slams, ATPs, estive perto do Federer, Nadal, e isso foi uma boa experiência para o ano que vem tendo jogado um ano com os caras bons”, disse o tenista da Rocinha, comunidade famosa no Rio de Janeiro, e que, pela falta de condições financeiras, só pôde ter a primeira experiência de torneios na Europa este ano assim como os Slams, jogando os qualies do Australian Open, Wimbledon e o US Open.
“Foi minha primeira experiência em Grand Slams e na Europa, deu pra perceber que o nível é diferente, e que tenho que trabalhar pra poder fazer igual. É diferente o comprometimento dos caras, o peso de bola, a forma que eles jogam, e incomoda pois a gente precisa bater o tempo todo com peso na bola, se você sair um segundo do jogo, os caras te engolem”.
Para o carioca, a experiência na Europa serviu como aprendizado para trabalhar mais e jogar de forma diferente para 2014: “É bom ir cedo pra Europa pra ter a pegada, sentir o jogo dos caras de lá. Só pude ter essa experiência lá agora que foi muito boa e deu pra ver que preciso trabalhar bem mais, que não dá só pra passar bola pois lá não tem como fazer isso. A intensidade é alta tanto no jogo de pernas como no peso de bola, é isso que me fez mudar um pouco de mentalidade para poder bater de frente com o pessoal lá ano que vem”.
Para que Fabiano desse um salto de qualidade em 2013 foi essencial mudar. O tenista que treina na Tennis Route, no Recreio dos Bandeirantes, passou a viver no alojamento da mesma no hotel Atlântico Sul de segunda à sexta-feira.
“Desde o início de 2013 quando passei a ficar aqui a semana toda e isso mudou muito minha carreira pois antes tinha que acordar muito cedo, pegar mais de 1h de trânsito de ônibus lotado, e depois chegar aqui tendo que treinar em nível muito alto, depois que fiquei direto aqui meu nível de concentração aumentou muito pois você vive o ambiente, sem cansaço, hoje o foco é todo no tênis e isso fez meu jogo subir bastante”.
O tenista sofreu uma lesão no joelho na segunda metade do ano e machucou o punho quando fazia um exercício na academia em setembro. Somado a isso, a pressão por defender muitos pontos na segunda metade do ano fez com que o tenista despencasse na tabela.
“Foi azar, de trabalho, estava malhando, fui fazer um exercício, acabei machucando, foi bom pra dar uma parada, estava me colocando muita pressão, de resultado, defendia muito ponto, treinava e jogava bem, mas não conseguia ganhar jogos. Mas foi bom, fiquei mais perto da família e deu uma limpada na minha mente. Com certeza serve de aprendizado para a próxima temporada”.
O tenista iniciou esta semana sua pré-temporada com Marcelo Demoliner e Guilherme Clezar e a equipe Tennis Route. Na próxima semana a adesão de Thomaz Bellucci e Rogério Dutra Silva.
“Meu ânimo está a mil por hora, vontade de jogar e fazer tudo que não fiz antes, fazer diferente, correr atrás de novo para voltar a somar pontos e depois me firmar nos challengers,” disse o jogador que iniciará o ano no Aberto de São Paulo e pode mesclar o início de ano com alguns futures com meta de se fixar nos challengers.
O tenista quer rumar para atingir seu sonho, que é disputar a Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016 e ser top 100: “A meta da carreira é ser top 100, quero jogar as Olimpíadas aqui do Rio, fazer minha vida no tênis, ajudar minha família e depois que parar é ficar trabalhando no tênis, talvez sendo professor e poder fazer tudo o que fizeram por mim com outras pessoas que não tenham o mesmo recurso financeiro para poder ajudar a fazer surgir novos jogadores, novos talentos”.