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Pella se espelha em Meligeni e quer se firmar no top 100

Segunda, 03 de dezembro 2012 às 10:34:51 AMT

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Tênis Profissional
Por Ariane Ferreira - O argentino Guido Pella, 97 do mundo, campeão do ATP Challenger Tour Finals, conversou com o Tênis News com exclusividade. Sempre cercado de torcedores, o jovem fez comparações com ídolos do esporte e revelou que é fã de Fernando Meligeni.

Guido, que pediu para entrar em quadra ao som de “Dream On”, da banda norte-americana Aerosmith, explicou a escolha: “a letra diz que ‘se possa sonhar’, é para isso que venho para cá (e aponta para a quadra)”. Elétrico em jogo, Pella é um jovem tranquilo, atencioso e que tem muita clareza sobre seu papel e objetivos a médio e longo prazo.

Natural de Bahia Blanca, Pella treina na academia Blegino Tennis, em Buenos Aires, que pertence a seu treinador, Fabian Blegino, ex-treinador de Guillermo Coria. O argentino falou que sua preparação para a temporada 2012 foi “proveitosa”, já que lhe rendeu três títulos de challengers (Campinas, Mantas e Salinas), além de São Paulo.

Comentando a atual fase de transição que o tênis argentino enfrenta, com David Nalbandian próximo da retirada e apenas Juan Martín Del Potro como esperança para o tênis local em curto prazo, Guido diz que é “muito bonito e difícil” ser um tenista na Argentina. O país tem muita tradição no esporte, o que faz com que a torcida exija muito sem entender que o tênis hoje em dia é muito parelho.

“Jogar por meu país é algo muito difícil”, disse revelando que conversava com seu treinador sobre Copa Davis: "Para entrar na Davis tem que se ter um ranking muito alto, o que é algo muito difícil”, revelou, esperançoso sobre essa possibilidade no futuro. Pella contou que treinar na Argentina é interessante porque há mais pessoas treinando e isso aumenta o nível de exigência.

Guido contou sobre a exigência: “Em algum momento, chegar longe como (Guillermo) Coria ou (David) Nalbandian, e, se não se pode, basta fazer seu melhor. Terá o reconhecimento por isso e dará força ao esporte”.

Pella comemorou o fato de a torcida brasileira ter se tornado sua parceira durante a competição: “Isso é o que mais encanta. Ainda mais que há sempre uma animosidade entre Brasil e Argentina, mas é muito lindo que as pessoas me apoiem”. O tenista conta que o público entende de tênis e que apoiam quem está bem. Em alguns momentos, viu Adrian Ungur (tanto na fase de grupos quanto na final) ser apoiado enquanto jogava contra ele. “Ungur estava jogando muito bem, metendo cada bola! Hoje (dia da final), estavam comigo, depois o tênis de Ungur passou a ser mais vistoso e começaram a torcer por ele”, resumiu.

Quando perguntado se seu revés é semelhante ao de Gastón Gaudio (ex-tenista argentino campeão em Roland Garros 2004), Guido sorri e afirma: “não posso negar”. Durante as partidas, Pella executou muitas jogadas plásticas e arrancou dos mais fanáticos gritos de “Coria”. Ele, por sua vez, desconversa e afirma que os dois a quem é comparado foram craques, mas para chegar a ser como eles, "me falta muito" e que as comparações "fazem bem e motivam".

A repórter comenta com ele que, ao entrevistar o ex-tenista Fernando Meligeni, ouviu de Fininho que "Pella era, de longe, o jogador mais talentoso do torneio". Guido mostra-se surpreso e realmente feliz com a informação, conta que acompanhou a carreira de Meligeni e não esconde o sorriso de felicidade ao repetir a si mesmo o que Fernando havia dito.

”É um tenista que esteve fixo como 35 do mundo, que permaneceu no centro do tênis por um bom tempo, o que é algo incrível e muito difícil de se conquistar. Por aí, se vê as pessoas, como te disse, exigem muito de você e se você não joga como Federer ou Djokovic, te deixam de lado. Acho que Fernando foi um grandíssimo jogador, conhece igual ou mais de tênis que qualquer um que tenha jogado bem", afirmou.

E prosseguiu: “O que tenho que falar é que é uma honra (com ênfase), tenho que dizer que o conheço, o vi jogar, sei que nasceu em Buenos Aires, mas é brasileiro. Acompanhei sua carreira, jogava um tênis muito bom, tinha muito carisma” e finalizou, não escondendo o sorriso de satisfação: “ Saber que ele disse isso me deixa muito feliz”.

Pella exaltou o tênis exibido em São Paulo, mas fez questão de ressaltar a qualidade de Ungur, o único que o derrotou, a quem enfrentou na final “É um jogador que, não sei se é o melhor do mundo, mas seguramente que está entre as cinco melhores direitas do mundo”.

Sobre sua chegada ao top 100, Guido revelou que este era seu objetivo quando chegou a São Paulo, pois caso contrário teria que esperar até o fim de 2013 para conquistar: “Esta é uma meta muito importante para um jogador de tênis. Vi essa oportunidade (a final em São Paulo) como se fosse a última e creio que soube aproveitá-la”, contou.

O argentino contou que vai tirar uns dias de férias e planejar a próxima temporada, na qual irá a torneios ATP. “Sei que vou jogar com jogadores muito bons. Então, tenho que me preparar e tentar chegar o máximo possível. A temporada vai ser totalmente nova, em um nível diferente, mas eu conversei com minha equipe e é muito bom estar entre os 100”, finalizou, afirmando que seu principal objetivo em 2013 é se manter entre os 100 primeiros.
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