Por Gilbert Bang, médico da Copa Davis - Começa Wimbledon e o jogo na grama aparece como um fator de risco às lesões. Aqueles que conseguem jogar os torneios de grama que antecedem este Grand Slam chegam ao torneio mais adaptados e, portanto, com mais segurança física.
Neste tipo de piso, espera-se um jogo mais rápido, com menos trocas de bola, o saque como golpe mais determinante do que em outras superfícies, menor atrito do solo favorecendo o deslizamento e desequilíbrios na quadra e o menor quique da bola. Comparando-se aos outros Grand Slams, o tempo de game não é muito menor. A média na última década girou em torno de 4 minutos por game tanto no masculino quanto no feminino.
O jogo na grama exige maior atividade muscular da região lombar e membros inferiores em comparação aos jogos em outros tipos de quadra. Com isso, as lesões concentram-se nesses segmentos corporais: lombar, glúteos. O ombro também aparece como articulação comprometida, pois é responsável por 60% dos golpes vencedores.
Desde 2001, por uma mudança da grama e no solo de Wimbledon, o jogo tem sido pouco mais lento que nos anos anteriores e a bola tem quicado mais alto, mas mesmo assim, os jogadores jogam mais abaixados do que em outros pisos. Portanto, o novo piso não elimina a necessidade de prevenção das lesões citadas.
Outro ponto particular de se jogar na grama é o tipo de calçado.
Feito com solado diferenciado para aumentar o atrito, o tênis usado na grama possui pequenas projeções no solado como na chuteira.
Compare os tipos de solado:
Para se jogar na grama é preciso muita força e propriocepção dos membros inferiores tanto para se sustentar e movimentar nesse piso duro e escorregadio, como também para evitar escorregões e entorses. As lesões de ligamentos do joelho podem acontecer quando se escorrega em deslocamento lateral, por exemplo. As sobrecargas tendinosas nos joelhos também são comuns por maior exigência dos músculos das coxas.
Sobre Dr. Gilbert Bang
Gilbert Bang é médico fisiatra, mestre em Ortopedia e Traumatologia, médico do Centro de Reabilitação do Hospital Albert Einstein (SP), membro da Society for Tennis Medicine and Science (STMS).
Bang também é Médico da Equipe Brasileira da Copa Davis e do Departamento Infanto Juvenil da CBT.