Era uma hegemonia como nunca se tinha visto no tênis. Em quatro anos, Roger Federer construiu um verdadeiro reinado que parecia não ter data para terminar. Mas terminou.
Mononucleose, lesão nas costas, sucessivas derrotas... a confiança diminuiu e a supremacia chegou ao fim. O ano de 2008 certamente não deixará saudades para o gênio suíço, que fez dessa temporada a pior de sua gloriosa carreira nos últimos anos. - Veja Perfil de Federer!
As marcas negativas do tenista da Basiléia na atual temporada foram muitas. No Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam do ano, derrota para um inspirado Novak Djokovic nas semifinais por 3 sets a 0, placar pelo qual o suíço não perdia desde 2004 em Roland Garros (caiu por triplo 6/4 diante de Gustavo Kuerten). Em seguida, após declarar que sofria de mononucleose e que a doença estava o prejudicando, caiu na estréia em Dubai diante de Andy Murray. Logo após veio a temporada de Masters nos Estados Unidos, que eram o “ganha-pão” do suíço no início de temporada. Mas os resultados continuaram terríveis: derrotas para Mardy Fish em Indian Wells e Andy Roddick (seu maior freguês!) em Miami e nenhuma final.
Ao mesmo tempo em que assistia à ascensão de Djokovic e a aproximação de Nadal no ranking, Federer não se encontrava. No saibro europeu, conquistou seu primeiro título na temporada, no ATP de Estoril (onde contou com abandono de Davydenko na final). Mas logo em seguida foi derrotado por Rafael Nadal na final em Monte Carlo e por Radek Stepanek em Roma. No Masters de Hamburgo, onde era tetracampeão e nunca havia perdido uma final, caiu novamente diante do rival espanhol, e em Roland Garros nova decepção diante do tenista de Manacor: derrota humilhante na final, com direito a pneu (6/1, 6/3 e 6/0).
E quando as coisas já estavam fora do eixo, veio a temporada na grama. Como normalmente faz, Federer começou com o título em Halle, na Alemanha, e chegou à Wimbledon em busca de seu sexto título seguido no torneio inglês. A campanha foi tranqüila, sem perder sets ele chegou à final. E na grande decisão, diante de seu algoz Rafael Nadal, Federer fez uma partida épica, empatou um jogo em que perdia por 2 sets a 0, mas não conseguiu conter o ímpeto do espanhol e acabou sucumbindo em uma memorável partida de 5 sets: 6/4, 6/4, 6/7 (7/5), 6/7 (10/8) e 9/7.
Essa derrota significou muito para Federer. Ele não conseguiu se reerguer, seguiu perdendo jogos fáceis e lembrando a derrota na grama inglesa a cada novo tropeço. Com duas eliminações precoces nos Masters de Toronto e Cincinatti, ele deixou a liderança do ranking após 237 semanas consecutivas e a confiança seguia muito abalada.
Aí veio o torneio olímpico de Pequim, marcado por dois momentos distintos: a derrota para James Blake nas quartas frustrou o sonho do suíço de ser campeão em simples, mas em seguido ele alcançou a glória da medalha de ouro ao vencer nas duplas com Stanislas Wawrinka.
A conquista pareceu ter motivado o tenista da Basiléia, que foi ao US Open mais confiante. Em Nova York, ele viveu seu melhor momento na temporada, com a conquista de seu 13º Grand Slam, ao massacrar Murray na final em sets diretos: 6/2, 7/5 e 6/2.
Federer ainda ajudou seu país a retornar à elite da Copa Davis, mas no final da temporada perdeu um pouco o fôlego e seu momento ruim voltou. Eliminado nas semifinais do Masters de Paris diante de Andy Murray, o suíço ainda venceu o ATP da Basiléia, seu quarto título no ano, mas a essa altura o cansaço e as dores nas costas já o impediam de jogar seu melhor.
No último Masters Series do ano, em Paris, ele abandonou nas quartas diante de James Blake e na Masters Cup de Shangai foi eliminado na primeira fase após perder duas das três partidas que fez.
2008 foi sem dúvida o pior ano de Federer desde que ele chegou ao topo, em fevereiro de 2004. Aos 27 anos, os números do gênio não mentem: foram 66 vitórias e 15 derrotas, nenhum título de Masters Series, pior desempenho em Masters Cup e Grand Slams desde 2003.
Federer tentará em 2009 retomar o caminho das vitórias, mas para isso terá que trabalhar muito, já que além de Nadal e Djokovic estarem em grande nível, jovens com Juan Martin Del Potro, Jo-Wilfried Tsonga e Gilles Simon vêm crescendo no circuito e exigirão muito do suíço na próxima temporada.