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"É uma lástima a aposentadoria do Guga" - afirma Moya

Sexta, 15 de fevereiro 2008 às 20:00:00 AMT

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Carlos Moya - Sauípe

Por Fabrizio Gallas, direto da Costa do Sauípe

Nesta semana o espanhol Carlos Moya (atual número 18 do mundo) concedeu entrevista ao Tênis News onde destacou vários aspectos no circuito profissional, suas ambições e falou da aposentadoria de Gustavo Kuerten. O ex-número 1 do mundo nascido em Mallorca ficou emocionado na despedida do catarinense no Sauípe e quase chorou.

A identificação de Carlos Moya com Gustavo Kuerten é enorme, muito mais do que a rivalidade dentro de quadra, os dois são muito amigos fora dela. Foram sete jogos entre os dois, quatro vitórias para o brasileiro, jogos marcantes e algumas coincidências entre os dois. Moya é apenas duas semanas mais velho e alcançou o número 1 do mundo exatamente contra Gustavo Kuerten nas semifinais de Indian Wells em 1999.

Ainda no bate-papo, Moya contou como se consegue manter no topo por tanto tempo e afirmou que Rafael Nadal será o primeiro a desbancar Roger Federer na liderança do ranking.

Tênis News - O que você acha do torneio da Costa do Sauípe ?
Carlos Moya -
Mais importante do que esse torneio é a gira na América Latina, me sinto muito cômodo, é muito lindo aqui, e gosto de jogar essa competição.

TN - Finalmente você venceu aqui após dois anos só com derrotas.
CM -
Me custou um pouco entrar nesta competição, mas depois da primeira vitória fiquei mais relaxado e isso é bom para meu tênis e agora qualquer coisa é possível.

TN - Como foi esse início de temporada para você na Austrália e agora na gira latino-americana de saibro ?
CM -
Comecei bem, apesar de ter perdido, fiz grandes jogos contra o Rafael Nadal (semi de Chennai) e Stefan Koubek (1a. rodada na Austrália) e isso é muito bom para o restante do ano. Creio que iniciar bem a temporada nesse momento de minha carreira dá moral e confiança pois cada vez fica mais difícil, mas fico contente que estou com o nível lá no alto.

TN - Como você vê a renovação do tênis na Espanha que em tão pouco tempo revela grandes jogadores ?
CM -
Acho que o trabalho está sendo feito, temos muitos jovens surgindo, Barcelona é um local de tradição, temos muitos torneios pequenos, treinadores muito bons e essa combinação faz com que tenhamos vários jogadores de qualidade.

TN - Qual é sua meta para 2008 ? Acredita que pode voltar ao Top 10 e até mesmo ser um dos cinco melhores ?
CM -
Creio que posso me manter no Top 20 e posso estar no Top 10. Mas isso será difícil pois cada ano que passa aparecem muitos novos jogadores, mas estou em um bom nível físico, aguentando bem as partidas e isso me traz força.

TN - Você é o tenista com idade mais avançada, 31 anos, dentro dos 30 melhores. Como é para você jogar contra esses tenistas mais jovens e competitivos como Djokovic e estar no mesmo nível que eles ?
CM -
Para mim é uma honra seguir onde estou e ir evoluindo e isso é o que mais me dá orgulho. Entra ano sai ano e ainda estou competitivo com gente dez anos mais jovem que eu.

TN - Como vê a decisão de Guga de estar de aposentando aos 31 anos de idade ?
CM -
É uma lástima. Acho que cada jogador, tem uma forma distinta de parar. Ele sofreu muito nos últimos anos por conta do quadril e eu por sorte não tive nenhuma lesão grave e pude me manter competivivo, mas ele teve várias operações e alguns anos sem poder jogar e isso mentalmente é frustrante e duro por isso entendo que ele tenha tomado esta decisão. Tenho pena dele e acredito que ele, foi muito respeitável o que ele fez. Foi uma decisão muito difícil para ele.

TN - Guga disse nessa semana que desejaria jogar contra você ou o Nicolas Lapentti na última partida de sua carreira em Roland Garros. Aceitaria esse desafio ?
CM -
Ficaria encantado. Ele é um grande amigo meu, somos da mesma geração, vivemos muitas histórias e batalhas juntos. Para mim se vai um amigo, se vai um jogador muito grande e um dos mais carismáticos da história e seria uma honra jogar a última partida dele.

TN - E você até quando aguenta jogar ? Põe alguma meta para se aposentar ?
CM -
É uma incógnita. Depende do físico, depende das lesões, de mais coisas, mas pretendo seguir aí até quando o físico aguente e a parte mental também.

TN - Você já jogou contra Boris Becker, Pete Sampras e agora pega uma geração de Roger Federer, Rafael Nadal. Qual a diferença de estilo de jogo dessas gerações ?
CM -
Antes era um jogo mais variado de ataque, defesa usando muito o slice, indo à rede também. Hoje, tirando o Federer, os tenistas jogam mais do fundo da quadra mais plano, com mais potência.

TN - Precisou mudar seu jogo para ficar onde você está ?
CM -
Sim. Estive no Top 10 por uns onze anos e hoje sou 18o. Um tenista não consegue ficar muito tempo no Top 10 ou perto se não tiver evoluído e mudado, os jogadores passam a te conhecer, ver quais são seus pontos fracos e sempre se deve melhorar ano a ano e isso é o que sempre venho fazendo pouco a pouco.

TN - O que falta pra você ganhar do Federer ?
CM -
Creio que Federer não é imbatível, mas é mais difícil ser melhor do que ele em um ano inteiro. Ele mostrou uma regularidade incrível nunca vista antes na história do tênis. Agora que não ganhou na Austrália já abre um pouco a incógnita do que vai acontecer, mas estamos falando do melhor tenista da história.

TN - Acredita que teu amigo Nadal ou Djokovic podem desbancar Federer no topo do ranking ?
CM -
É claro que alguém vai passar ele, mais cedo ou mais tarde. Mas não sabemos quando isto vai ocorrer se é nesse ano ou no que vem. Mas eu fico com o Nadal para passá-lo mais rápido, mas dentro de dois anos podem haver mais jogadores que subam e lutem para o topo.

TN - Nadal diz sempre que te admira e se inspirou muito em você para alcançar o nível que atingiu. Isso te dá orgulho ?
CM -
Sim, eu pude jogar e conviver com Nadal desde que era pequeno e jogava torneios pequenos, futures e ele é um grande amigo e pode ter certeza que fico orgulhoso.

TN - Como foi ver o Guga seu amigo emocionado chorando na despedida ?
CM -
Eu quase chorei também, foi muito duro. A verdade é que eu via ele e refletia em mim o que pode acontecer em pouco tempo. Tudo chega ao fim um dia, mas a vida segue, o tempo passa voando. Quando se tem 22 anos você não pensa quando vai chegar esse dia, mas tem muita gente da minha geração que está se retirando e isso me faz pensar que daqui a pouco será minha vez. Foi muito emotivo.

TN - Das várias partidas que fizeste com Guga, qual a mais marcante ?
CM -
A mais incrível foi a que consegui ser número 1 em Indian Wells 1999 (semifinal) será uma grande recordação das minhas partidas com ele, mas tem outros muito bons como a Copa Davis contra Brasil que ele me ganhou em cinco sets. foram muitas batalhas e grandes recordações.
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