Por Fabrizio Gallas, direto da Costa do Sauípe (BA)
Fim de linha para o maior tenista brasileiro de todos os tempos no Brasil Open, maior torneio do país, competição que ajudou a criar em 2001. A partida foi disputada em um clima de Copa Davis. O ex-número 1 do mundo contou com grande apoio da torcida, que desta vez encheu as arquibancadas e vibrou muito com as boas jogadas do brasileiro, vaiando em algumas oportunidades o adversário.
Mesmo assim não deu. O início da turnê de despedida de nosso campeão foi com derrota. O atual 677 do ranking foi eliminado na primeira rodada do Brasil Open pelo argentino Carlos Berlocq, 75º do mundo, por 2 sets a 0 com parciais de 7/5 e 6/1, em 1h19min de partida.
O primeiro set começou animador para Guga. Ele levantou a torcida com uma quebra logo no terceiro game, jogando com muita agressividade. Mas o brasileiro não conseguiu manter a dianteira e perdeu o saque com uma bola de sorte do argentino, que quicou em falso.
Com 2/2 no placar, os tenistas foram confirmando o serviço. A melhor chance do brasileiro foi no nono game, quando fez dois winners e abriu 0/30, mas Berlocq salvou com aces. No 12º game, o argentino teve mais um lance de sorte com um lob, ganhou o break point e em uma passada fechou o set por 7/5, em 48 minutos.
No início da segunda etapa, Kuerten foi ao vestiário para fazer tratamento médico com o fisioterapeuta, sentindo as velhas dores no quadril. Na volta, ele logo foi quebrado no segundo game, após cometer dupla-falta. Depois disso, a baixa de intensidade do catarinense foi nítida. Ele não conseguiu mais sacar bem e muito menos agüentar as trocas de bola do fundo de quadra, perdendo o serviço novamente no sexto game e o jogo em seguida. No fim da partida, a torcida ficou de pé, aplaudiu o campeão e gritou "Guga! Guga!".
Chorando copiosamente, Guga fez um discurso na quadra para o público: "Isso é mais difícil que ganhar Roland Garros para mim. Muita coisa inesperada, muita emoção. Antes de entrar em quadra, vieram todas as lembranças que o tênis me trouxe. Cada dia que passa, eu vejo que o tênis simboliza minha vida. Vivi esse esporte, vivi mais intensamente os anos em que tive minhas maiores dificuldades. Hoje, saí satisfeito e orgulhoso pelo carinho que conquistei com vocês. Nos meus maiores sonhos via Roland Garros, Wimbledon, mas nunca passou pelo minha cabeça todo mundo me vendo e todas essas homenagens. Agradeço minha namorada e o cara que pra mim é mais gênio que eu, o Larri".
Guga se despede da Costa do Sauípe com dois títulos, em 2002 e 2004. Seu próximo compromisso será o Masters Series de Miami em quadras rápidas. Depois segue para o challenger de Florianópolis, Masters Series de Monte Carlo, Roma ou Hamburgo e finaliza em Roland Garros.
Com o resultado, o Brasil também se despede da chave de simples do torneio e marca sua pior campanha em oito edições do evento, superando 2006, quando tivemos dois tenistas eliminados nas oitavas de final. Além das conquistas de Guga, o Brasil teve um vice-campeonato com Fernando Meligeni, no ano de estréia, uma semifinal com o próprio Guga em 2003 e mais duas penúltimas rodadas com Flávio Saretta no ano passado e Ricardo Mello em 2005.