Aqui estou novamente e com uma coluna 100% brasileira. Tenho imenso prazer de poder fazer torneios aqui e rever todas as pessoas que geralmente vejo uma vez ao ano.
Cheguei do México e apenas pude descansar duas semanas, o que não é tempo suficiente nem de dar oi para todos os amigos, já que nos primeiros dias só quero saber de curtir minha casa, meus pais, o Zion e minhas amigas. Não necessariamente nessa ordem, pois geralmente o Zion é o único que sempre espera minha chegada, não importando o dia nem a hora e nunca reclama. Fidelidade canina.
Na terça-feira, dia 17 de julho eu estava embarcando para o Rio de Janeiro, com uma conexão em Congonhas. Estava lá exatamente duas horas antes do terrível acidente, no qual o vôo tinha a mesma origem de Porto Alegre. Meu destino era Santos Dummont, mas devido a um foco de incêndio lá, fomos autorizados a pousar no Galeão. Logo que liguei o telefone, começou a tocar uma ligação após a outra, de amigos e familiares apavorados com a idéia de que eu pudesse estar no vôo da TAM. Nesse momento nem eu sabia do acidente, só pude ver a gravidade quando cheguei ao hotel e liguei a televisão.
Gostaria de deixar aqui meus sentimentos a todos os amigos e parentes das vitimas. Com certeza, para quem viaja de avião, fica o medo e a insegurança.
O comitê de boas vindas do Pan funcionou muito bem e assim que cheguei ao Galeão, fui encaminhada para meu hotel, em Copacabana. Os ônibus e carros do Pan tinham uma via própria para circular com maior rapidez e segurança. Todos os árbitros, de todas as modalidades, estavam hospedados no hotel, que estava reservado todo para o evento. Tínhamos os guardas da forca nacional 24 horas por dia na entrada do hotel e por toda Copacabana, realmente não poderia acontecer nada. Pelo que eu me lembre, o único ônibus que tinha escolta policial era o dos árbitros da FIFA. Ainda bem que ninguém chega a odiar tanto os árbitros de tênis! Risos.
Depois de uma hora de viagem, chegamos ao Marapendi, local de competição do tênis. Eu não conheço muito o Rio, mas parece que o trajeto pela linha amarela era o mais longo e, para nossa infelicidade, o único que o nosso ônibus podia fazer. O clube estava realmente lindo, a quadra central perfeita e muita gente trabalhando: voluntários, staff, boleiros, árbitros, juizes de linha, comitê, médicos, fisioterapeutas, encordoadores, quadristas e muitos jogadores.
Na primeira semana foram disputados os jogos femininos, onde tive a grande oportunidade de fazer a final e isso me deixou muito feliz. Poderá ser a única final de Pan na minha vida e, é bem provável que seja.
Logo começou a semana do masculino, com jogos mais difíceis e jogadores mais complicados. O tempo não quis ajudar e as quadras na agüentaram muito tempo, mesmo com a lona. Eram dias intermináveis, esperando que a chuva desse lugar ao sol, mas lógico que isso seria muito sorte. Na sala de arbitragem inventávamos de tudo, alguns juizes de linha, comandados pelo Dede, faziam vídeos divertidos para nos distrair. Outros montavam quebra-cabeças, jogavam gamao, tiravam fotos e passeavam pelo shopping. Realmente foi um evento maravilhoso, com seus acertos e erros, como todos.
Fiquei no masculino ate sexta-feira, quando tive que viajar para Campos do Jordão, com outro grupo de árbitros. O qualy do women`s circuit de US$ 25 mil começou no sábado, com o tempo feio e muito frio. Nunca na vida tive que colocar gorra de lá para arbitrar, mas tive que sair correndo do clube e comprar uma, antes que minhas orelhas congelassem. O sol só apareceu na segunda e, para nossa felicidade, ficou ate o final da semana do masculino. Esse torneio é muito charmoso e como estava no final da temporada, a cidade já estava mais vazia. O impressionante é que mesmo assim, os jogos foram acompanhados por bastante gente. A primeira semana foi tranqüila, muito sushi, sashimi, vinhos, queijos e pizza na área VIP do torneio, que realmente cada ano que passa, fica mais linda e a final foi num lindo domingo de sol, entre duas brasileiras, pela primeira vez nos sete anos de torneio. Uma conquista do tênis feminino brasileiro.
Segunda já estava começando a chave do Challenger de US$ 50 mil. Estava entrando na minha quarta semana de trabalho e teria mais uma pela frente: o Parapan.
Quando temos a sorte de não chover nunca, e em um evento de 15 dias, não tem como dar problema. Tudo anda direitinho, nada atrasa e todos se divertem. Não falta quadra de treino para os jogadores, não precisam jogar dois jogos em um curto período de tempo e todo mundo fica feliz. Pena que nem sempre é assim.
Acho que vou parando por aqui, senão vai faltar espaço para as fotos! Agora estou no Parapan e posso adiantar que é o evento mais fantástico que pude trabalhar.